Na tarde da quinta-feira (11), a ministra do Supremo Tribunal Federal Carmen Lúcia decisou ratificar a maioria que condenou o ex-presidente Jair Bolsonaro e outros sete aliados acusados de trama de golpe.
A ministra declarou que Jair Messias Bolsonaro cometeu os crimes pelos quais é acusado como líder de uma organização criminosa. Ele não foi envolvido em insurui-se. Ele é o instigador, o líder de uma organização que promoveu todas as formas de coordenação alinhadas com o objetivo de manter ou tomar o poder.
Ela prosiguiu: “Há evidências claras de que o grupo liderado por Jair Messias Bolsonaro e composto por figuras-chave no governo desenvolveu e implementou um plano progressivo e sistemático para atacar instituições democráticas, com o objetivo de minar a legítima alternância de poder nas eleições de 2022 e minar o livre exercício de outros poderes constitucionais, especialmente o judiciário.”
Após um voto divergente apresentado pelo ministro Luiz Fux, do Primeiro Painel do Supremo Tribunal Federal, em uma votação que durou quase 14 horas na quarta-feira (10), o ministro foi o terceiro a votar e destacou as evidências da formação de uma organização criminosa envolvendo o “núcleo crucial” do golpe de Estado no Brasil. Dessa forma, foi formada a maioria necessária para responsabilizá-los criminalmente pelos crimes apontados pela Procuradoria-Geral da República (PGR).
A tentativa de tomar o poder por meio de uma conspiração que visa o cerne da República, com seus leis e costumes, e os destrói. Essa configuração é necessária, uma dinâmica que não é criada da noite para o dia, mas é preparada, chamada de máquina de golpe, e se estende até o momento oportuno. Não se pode separar uma coisa da outra, porque se separadas, teriam outra conotação ou outro arcabouço, incluindo o legal ou o criminal, afirmou ela em seu voto.
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Ela declarou que, ao lidar com a organização criminosa, chegava precisamente devido à sua prova neste caso, como o Procurador-Geral denunciou, provou e reafirmou em suas alegações finais. A ministra também afirmou que a tentativa de tomar o poder por meio de uma conspiração, precedida por atos que culminaram em 8 de janeiro, pode ser considerada a “máquina do golpe”.
Essa configuração é necessária, uma dinâmica que não é criada da noite para o dia, mas que é preparada, como o Professor Heloísa chama de máquina do golpe, e que se estende até o momento oportuno. Não se pode dissociar uma coisa da outra, pois caso isso ocorra, teria outra conotação ou outro arcabouço, incluindo o legal ou o criminal, ela avaliou.
Durante a votação, os ministros Flávio Dino e Alexandre de Moraes solicitaram a palavra. Moraes então exibiu alguns vídeos que comprovavam as tentativas de desestabilizar o processo democrático e as reiteradas ofensas aos membros e às decisões do STF. Em um dos vídeos, Bolsonaro, em um carro, chamou Moraes de “trapaceiro” e declarou que não respeitaria mais as decisões judiciais. Em outro, foram exibidos e comentados cenas da destruição dos edifícios das Três Poderes em 8 de janeiro de 2023, como nova prova de que, sim, crimes foram sistematicamente cometidos ao longo de um período.
Os oito réus foram condenados pelos crimes de organização armada, tentativa de abolição violenta da democracia, golpe de Estado, dano qualificado por violência e ameaça grave, e deterioração de patrimônio histórico listado.
Fonte por: Brasil de Fato