A inflação oficial registrou queda no mês de agosto, indicando que os preços apresentaram redução média. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) encerrou o mês em -0,11%. Os dados foram publicados nesta quarta-feira (10) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Em julho, o Índice atingiu 0,26%. Essa deflação (inflação negativa) é a primeira desde agosto de 2024 (-0,02%) e a mais acentuada desde setembro de 2022 (-0,29%).
Em agosto de 2025, o acumulado de 12 meses atingiu 5,13%, inferior aos 5,23% dos 12 meses encerrados em julho, porém ainda acima da meta do governo, que era de até 4,5%.
A fatura de energia elétrica registrou uma redução de 4,21% no período, gerando um impacto negativo de 0,17 ponto percentual (p.p.), sendo o item que mais contribuiu para a diminuição da inflação. Diante disso, o setor habitacional apresentou uma queda de 0,90%. Essa redução nesse conjunto de valores foi a maior para um mês de agosto desde o início do Plano Real, em 1994.
O benefício se refere ao Bônus de Itaipu, que representa um desconto na conta, impactando 80,8 milhões de consumidores. Conforme divulgado pela Agência Brasil, a bonificação compensou a bandeira tarifária vermelha 2, que acarreta um valor de R$ 7,87 na conta de luz a cada 100 Kwh consumidos.
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<p>No entanto, o gerente da pesquisa, Fernando Gonçalves, antecipou que haverá âdevoluçãoâ dessa deflação na conta de luz em setembro, uma vez que as faturas não terão mais o desconto. âNo mês que vem terá variação mais altaâ.</p>
O setor de alimentos e bebidas (-0,46%) registrou queda pela terceira seguida. O setor de transportes (-0,27%) também contribuiu para que o IPCA fosse negativo. Nos três meses, os alimentos acumularam queda de -0,91%.
Fernando Gonçalves estima que os grupos habitação, alimentação e transportes representam -0,30 pontos percentuais na inflação. “Sem eles, o resultado do IPCA de agosto ficaria em 0,43%”, afirma.
Outros segmentos, como comunicação e artigos de residência, também apresentaram queda, com variação de -0,09% e impacto nulo (0 pontos percentuais) no índice.
Nos demais grupos, os preços aumentaram em média: educação (0,75%), saúde e cuidados pessoais (0,54%), vestuário (0,72%) e despesas pessoais (0,40%).
O índice de difusão, que representa o percentual dos 377 subitens com elevação de preço, atingiu 57% em agosto. Em julho, o índice estava em 50%. Contudo, analisados apenas os índices alimentícios, o índice de difusão diminuiu de 50% para 47% na transição de julho para agosto.
A terceira queda consecutiva no grupo de alimentação foi influenciada pela alimentação interna, que apresentou uma redução de 0,83%. O IBGE aponta que o aumento da oferta de produtos ocasionou a queda nos preços, com destaque para tomate (-13,39%), manga (-18,40%), arroz (-2,61%), café moído (-2,17%), mamão (-10,9%), batata-inglesa (-8,59%) e cebola (-8,69%).
Conforme Gonçalves, não se pode determinar se a tarifação americana, iniciada em agosto, influenciou a queda desses preços. O reduzido volume de frutas brasileiras enviadas para os Estados Unidos pode ter contribuído para o aumento da oferta desses alimentos no Brasil, auxiliando na diminuição dos preços.
A alimentação fora de casa, que havia crescido 0,87% em julho, reduziu-se para 0,50% em agosto.
<p>Transportes A deflação no grupo transporte (-0,27%) é explicada pelo preço das passagens aéreas, que ficaram 2,44% mais baratas em agosto, mês seguinte ao julho de férias escolares, quando a alta demanda joga os preços para cima.</p>
Os combustíveis apresentaram queda de (-0,89%). A gasolina, item com maior peso na composição do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) pesquisado pelo IBGE, registrou redução de 0,94% em média, sendo o segundo subitem com maior impacto negativo (-0,05 pontos percentuais) no índice.
Etanol (-0,82%) e gás veicular (-1,27%) também diminuíram, ao passo que o óleo diesel aumentou 0,16%.
O coordenador da pesquisa, Fernando Gonçalves, explica que a redução do preço da gasolina pode ser atribuída à nova definição da mistura de etanol na gasolina, que aumentou de 27% para 30% do produto final a partir de agosto.
O aumento de 0,75% do grupo educação em agosto é o maior para o mês desde 2016 (0,99%). A justificativa é o reajuste das mensalidades nos cursos regulares (0,80%), sobretudo devido ao ensino superior (1,26%) e ensino fundamental (0,65%). O crescimento dos cursos diversos (0,91%) foi influenciado pelos cursos de idiomas (1,87%).
Gonçalves explicou que há incidência elevada nesse grupo em agosto, assim como nos meses de fevereiro, também marcado por reajustes anuais. Em fevereiro de 2025, o aumento foi de 4,7%.
O IBGE categoriza os preços em dois grupos: serviços e preços monitorados. Os serviços estão relacionados a preços que seguem a variação da economia. Dentro deste grupo, o IPCA apresentou desaceleração, passando de 0,59% para o período de julho a agosto.
A inflação registrou queda de 0,67% para 0,61% nos preços monitorados, que apresentam reajustes controlados por órgãos governamentais ou contratos, e não acompanham o ritmo da economia.
<p>Inflação oficial O IPCA apura o custo de vida para famÃlias com rendimentos entre um e 40 salários mÃnimos. Atualmente o valor do mÃnimo é R$ 1.518.</p>
<p>A coleta de preços do IPCA é feita em dez regiões metropolitanas â Belém, Fortaleza, Recife, Salvador, Belo Horizonte, Vitória, Rio de Janeiro, São Paulo, Curitiba, Porto Alegre â além de BrasÃlia e nas capitais Goiânia, Campo Grande, Rio Branco, São LuÃs e Aracaju.</p>
<p>O Ãndice é a principal métrica para acompanhamento da polÃtica de metas de inflação. A meta atual estipulada pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) é de 3%, com tolerância de 1,5 ponto percentual para mais ou para menos, ou seja, um intervalo de 1,5% a 4,5%.</p>
A partir de 2025, o período de avaliação da meta se refere aos 12 meses imediatamente anteriores e não apenas ao resultado final do ano (dezembro). A meta é considerada descumprida somente se houver um estouro do intervalo de tolerância por seis meses consecutivos, o que ocorreu em junho.
Fonte por: Brasil de Fato