O documentário do BdF “Sahel: Pátria ou Morte” chega aos cinemas de SP nesta terça-feira

A Produção do Brasil de Fato trata da resistência popular nos países africanos de Burkina Faso, Níger e Mali.

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(Imagem de reprodução da internet).

O filme Sahel: Pátria ou Morte, uma produção do Brasil de Fato, chega nesta terça-feira (16) e explora a resistência popular e os novos rumos de desenvolvimento adotados por Burkina Faso, Níger e Mali, após os recentes levantes civis e militares.

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A exibição do filme ocorrerá no Armazém do Campo e na Livraria Expressão Popular, em São Paulo (SP), como parte da programação do evento Vozes da África: Revoluções Pan-Africanas Hoje e o Legado de Thomas Sankara.

O Brasil de Fato investigou a região do Sahel por dois meses e, neste documento, apresenta os elementos que asseguram a autonomia desses países. Sob a condução do jornalista Pedro Stropasolas, enviado especial à região, o material examina a luta do povo e a revolução, sendo produzido após uma cobertura aprofundada sobre as relações sociais e as disputas geopolíticas da área.

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Contemplamos uma revolução em desenvolvimento no continente africano e as forças progressistas da América Latina não compreendem totalmente o processo. O filme auxilia na quebra dessa distância entre a África e a América Latina, ressalta Stropasolas.

Por décadas, os países do Sahel africano têm sido alvo de colonialismo e exploração por parte da França e de outras potências ocidentais. O termo “Françafrique” reflete o sentimento popular nesses países, onde a população manifestou-se em massa para exigir a retirada das tropas francesas e o apoio a seus governantes.

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Com o apoio da Assembleia Internacional dos Povos (AIP), o filme entrevistou 23 lideranças populares do Mali, de Burkina Faso, Níger e do Benin, que atuam na vanguarda do movimento de libertação patriótica e da luta pela soberania na região.

Stropasolas enfatiza que a produção se esforça para promover a visibilidade das lutas em curso no Sahel, desconstruindo a propaganda francesa divulgada em meios hegemônicos de que Burkina Faso, Mali e Niger atravessam processos autoritários e sem respaldo popular. “Ao apresentar um conjunto de iniciativas populares de apoio a esses processos patrióticos, e o rosto e a voz da população que está liderando esse processo, buscamos demonstrar que a revolução anticolonial está viva no povo”. A população é a principal ferramenta para que esses países mantenham seus caminhos de ruptura com o Ocidente e não sucumbam aos ataques e ameaças de intervenção da França e seus países aliados atualmente, afirma o diretor.

A narrativa explora a trajetória da colonização francesa na África Ocidental. O filme também discute o contexto do advento do terrorismo na região e a criação da Aliança dos Estados do Sahel (AES), um acordo militar e econômico que, a partir de 16 de setembro de 2023, se estabeleceu como a principal força de combate aos grupos jihadistas presentes no Sahel.

A AES é uma organização revolucionária que diariamente busca romper com as amarras do imperialismo monetário, financeiro, da infraestrutura e ideológico, afirma Damiba.

O filme será lançado no dia em que a AES celebra seus dois anos de existência. “Ainda há ataques, ainda não está tudo livre, mas estamos a progredir em direção ao fim da guerra em toda a região, não apenas em Burkina Faso, pois não é uma guerra apenas para o Burkina Faso, é uma guerra em todos os países da AES”, explica Luc Damiba, conselheiro especial do Primeiro Ministro de Burkina Faso.

A produção expõe os fatores que resultaram na ascensão ao poder de grupos progressistas das forças armadas nos três países, evidenciando a remoção dos militares franceses e o fim dos acordos de domínio colonial estabelecidos pela França a partir da independência de 1960.

A França é o único país colonizador que, e que continua, a fazer o que nenhum outro país ousa. Não a Itália, nem a Espanha, nem a Inglaterra, nem mesmo os Estados Unidos com toda a sua potência. Os africanos trabalham para a França desde a suposta independência, afirma Léobard Houenou, arquiteto e analista político do Benin.

O filme também discute a ligação das disputas contemporâneas no Sahel com a revolução panafricana conduzida por Thomas Sankara na década de 1980 em Burkina Faso. Da mesma forma que na década de 1980, o novo líder burquinabé Ibrahim Traorém implementa um ambicioso projeto de industrialização e autonomia alimentar, contando com amplo apoio popular, sobretudo dos jovens com até 30 anos, que correspondem a quase 70% da população.

O legado de Sankara se manifestou porque Sankara afirmou que, após sua morte, milhões de Sankaras nasceriam no dia seguinte. Há milhões de Sankaras em todo o mundo. Ibrahim Traoré representa uma possibilidade para implementar o sankarismo prático. Atualmente, o povo está pronto para apoiá-lo.

Sahel: Pátria ou Morte apresenta ainda depoimentos inéditos sobre a mobilização popular em apoio às revoluções. O filme mostra como são organizados os mutirões populares para a pavimentação de ruas e estradas, e também como é a rotina das vigílias cidadãs noturnas, que ocorrem diariamente em mais de 20 pontos da capital Uagadugu, com o propósito de proteger Traoré e o país de possíveis ataques e tentativas de golpe de Estado.

A África inteira será integrada a essa revolução, pois o povo não é mais como antes. Os países jamais se desenvolverão sem uma revolução. Atualmente, em todas as 45 províncias, a população se reúne para defender seu presidente, que atende às necessidades do povo, representando uma presidência que garante total liberdade, afirma Amadé Maiga, da Coordenação Nacional das Veias Cidadãs de Burkina Faso.

A obra final destaca os obstáculos para que o movimento de libertação se espalhasse para outros países da África.

A África avança em direção à soberania. O patriotismo é o único elemento que possibilitará que a África se una em um grande continente unificado. Assim, para nos libertarmos, é imprescindível que nos libertemos dos países que nos dominam a fim de alcançar o pan-africanismo. Convido todos os povos de outros continentes a auxiliarem a África a atingir esse objetivo.

Sahel: Pátria ou MorteData: terça-feira, 16 de setembro de 2025Horário: 18h30Local: Armazém do Campo e Livraria Expressão Popular – Alameda Nothmann, 806, Campos Elíseos, São Paulo (SP)Entrada gratuita

Fonte por: Brasil de Fato

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