Declínio se opõe a elevação de 51% em 2024 e pode ser reação a tensões em relação ao genocídio palestino.
De acordo com dados do Comex Stat, sistema estatístico do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), não houve exportações de petróleo brasileiro para Israel entre janeiro e agosto deste ano, totalizando US$ 25,7 bilhões em vendas de petróleo bruto. Observa-se apenas um valor de US$ 325,2 mil referente a derivados (óleos combustíveis de petróleo e minerais betuminosos).
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Em 2024, o Brasil exportou 2,9 milhões de barris para clientes israelenses, no valor de US$ 215,9 milhões, um aumento de 51% em relação ao ano anterior. As informações são da Agência Nacional de Petróleo (ANP).
A análise histórica revela a ausência de exportações de petróleo do Brasil para Israel no período compreendido entre 2015 e 2020. O comércio internacional iniciou-se em 2021, durante o mandato de Jair Bolsonaro. Em seguida, o volume de vendas aumentou para 11,9 milhões de barris, com um acréscimo notável na relação comercial entre os dois países.
Em 2023, contudo, o movimento enfraqueceu: as exportações atingiram 1,9 milhão de barris, volume consideravelmente inferior ao do ano anterior. Em 2024, logo após o início da ofensiva militar israelense na Faixa de Gaza, o fluxo voltou a crescer – embora ainda não ultrapassasse o registrado em 2022.
Em resposta ao questionamento feito pela reportagem da Opera Mundi, o MDIC encaminhou uma nota da sua assessoria de imprensa, na qual alega que a redução nas exportações “provavelmente está relacionada a fatores de mercado” e ressalta que as causas necessitam ser apuradas em conjunto com o setor privado.
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A Petrobras comunicou que comercializa petróleo através da venda direta para refinarias no exterior e não exerce controle sobre suas entregas até o destino. A empresa declarou, ainda, que não vende o redirecionamento do petróleo para outros parceiros mais vantajosos e a pressão relacionada às denúncias de genocídio palestino.
No final do ano passado, o Ineep solicitou à Petrobras mais informações sobre o rastreamento da exportação de petróleo para Israel. A empresa negou, por meio de comunicado formal ao instituto, vendas diretas a esse país. Contudo, não foram obtidas informações sobre o agente responsável pela comercialização da matéria-prima.
Mahatma defendeu que a postura do Ineep foi de se opor às exportações e apoiar o embargo energético a Israel, juntamente com outros atores da sociedade civil. Ele argumentou que o petróleo não é um produto comercial comum, seu uso transcende fins industriais e está ligado a objetivos militares.
Em agosto, a relatora especial da ONU para os territórios palestinos, Francesca Albanese, acusou várias empresas multinacionais de se beneficiarem do genocídio em Gaza, entre elas a Petrobras, com operações na América Latina.
Desde o início do genocídio em Gaza, várias organizações da sociedade civil brasileira e redes internacionais se mobilizam para estabelecer um bloqueio econômico a Israel. Além de centrais sindicais e instituições como o Ineep e a FUP, a campanha BDS (Boicote, Desinvestimento e Sanções) articula pressões para interromper relações comerciais e estratégicas com empresas israelenses em diversos continentes desde 2005, notadamente nos setores de energia e armamentos.
Fonte por: Brasil de Fato
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