O cinema brasileiro ganha destaque com o lançamento de “O Agente Secreto”, mais recente obra do diretor pernambucano Kleber Mendonça Filho. A estreia, em 6 de maio, alcançou mais de 700 cinemas em 370 cidades do Brasil, com exibição simultânea com Alemanha e Portugal.
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O filme, que já passou por mais de 50 festivais internacionais, recebeu 20 prêmios, incluindo Melhor Direção e Melhor Ator (Wagner Moura) no Festival de Cannes. Ele representa o Brasil na disputa pelo prêmio Melhor Filme Internacional em 2026.
A Trama e a Atmosfera da Década de 1977
A narrativa se passa em 1977, um ano descrito como “de muita birra”, estabelecendo um tom provocativo que mergulha na alma do país durante a ditadura militar. A direção de arte e a trilha sonora criam um retrato sensorial da época, com elementos como o som do orelhão e o ronco de um fusca, além da poeira quente das ruas.
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A música, como em outros filmes de Mendonça Filho, é um elemento central. Em entrevista à Agência Brasil, o diretor revelou a escolha da trilha: “‘Paêbirú’, de Zé Ramalho e Lula Côrtes, é uma obra-prima da psicodelia brasileira. Eu já escrevi o roteiro com duas músicas desse disco – ‘Harpa dos Áries’ e ‘Trilha de Sumé’.
Elas são muito impactantes, quase como se o próprio vinil respirasse dentro do filme.”
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Lançamento e Reconhecimento
Mendonça Filho expressou que vive um sonho: poder “discotecar” seu filme, sem as limitações orçamentárias anteriores. Ele confirmou o lançamento de um vinil duplo com a trilha sonora e um livro com o roteiro completo, pela editora Record, sob o selo Amacor.
O diretor reconhece a responsabilidade de representar o país em um momento de grande visibilidade. Ele está em cartaz com o espetáculo teatral “Um julgamento: Depois do Inimigo do povo”, peça inspirada na obra de Ibsen, criada por Wagner Moura e Christiane Jatahy.
Elenco e Impacto
Wagner Moura interpreta Marcelo, um professor de tecnologia que tenta recomeçar a vida no Recife, fugindo de um passado violento. O ator, que já venceu Cannes pelo papel, é um dos cotados ao Oscar de Melhor Ator em 2026.
Tânia Maria, que interpreta Dona Sebastiana, a proprietária dos apartamentos que acolhem refugiados no Recife, é citada em matérias de publicações americanas como a revista Variety e The Hollywood Reporter que a incluíram em listas de possíveis indicadas ao Oscar de Melhor Atriz Coadjuvante de 2026.
Alice Carvalho, que também integra o elenco, destaca a importância da diversidade no cinema nacional. “O público brasileiro desvela outros sentidos do filme. A gente sente o impacto de ver os nossos sotaques, rostos e histórias nas telas. Isso é o Brasil que existe e que quer se ver representado”.
