No coração da Pedreira Prado Lopes, uma das periferias mais antigas de Belo Horizonte, o Galpão Pátria Livre inaugura, no próximo sábado (6), seu Ponto de Cultura com a realização do Festival Diroxa. O evento marca a retomada das atividades culturais na comunidade, após a reforma do telhado do galpão, e contará com apresentações de artistas locais e parceiros.
O programa busca ser acessível e inclusivo, promovendo a diversidade de corpos, vozes e linguagens. A entrada é solidária, com a doação de 1 quilo de alimento não perecível e/ou material escolar. Os alimentos arrecadados serão destinados a pessoas em situação de vulnerabilidade e os materiais escolares a estudantes moradores da Ocupação Pátria Livre, onde se localiza o galpão.
Recorde a trajetória do espaço.
Desde 2016, o espaço atua como centro de produção cultural, sendo atualmente um Ponto de Cultura. Oferece oficinas gratuitas de dança, percussão, audiovisual, grafite e formação artística. Além disso, por meio de parcerias, o espaço viabiliza e incentiva a criação e autonomia, promovendo também a apropriação da cultura pelos moradores da comunidade.
A partir de 2023, em parceria com o projeto Diroxa, o galpão se consolida como laboratório para oficializar as práticas culturais desenvolvidas na região.
Não se trata apenas de um galpão reformado. É um território que, após anos de luta, conquistou o direito de existir oficialmente como espaço cultural. Hoje, entregamos à Prefeitura de Belo Horizonte e ao Estado um modelo de ocupação cultural que é moderno, sustentável e profundamente enraizado, afirma Camila Oliveira, idealizadora do projeto.
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A obtenção foi resultado de nove anos de luta na ocupação, resistência e produção cultural no local, que, embora importante para a comunidade, devido à falta de infraestrutura adequada – notadamente o telhado em avançado estado de deterioração – colocava em risco a continuidade das atividades e a segurança de seus frequentadores.
A aprovação, em edital público da Fundação Municipal de Cultura, do projeto de Reforma do Ponto de Cultura Pátria Livre, possibilitou uma reforma estrutural completa do telhado e a consolidação de um modelo de gestão coletiva. O edital também permitiu a manutenção de oficinas de arte e cultura de forma permanente.
A recente conquista do Ponto de Cultura representa mais que uma vitória institucional, sendo um ato de reafirmação territorial em uma região marcada pela especulação imobiliária e pelo desligamento simbólico.
Antecipamos com esta iniciativa um espaço propício para artistas de Belo Horizonte. Reconhecemos que diversos jovens de nossas periferias possuem uma notável capacidade criativa, mas, por vezes, carecem de oportunidades. Buscamos oferecer essas oportunidades, incentivar suas expressões artísticas e, assim, promover a cultura urbana de nossa capital.
Diroxa
O projeto Diroxa, apoiado por editais da Lei Paulo Gustavo (BH e MG) e pelo Prêmio Culturas Populares Sérgio Mamberti, consolida a estratégia da nação Brasileira de desenvolver um sistema independente e duradouro de cultura popular e periférica na região. A iniciativa também visa expandir as conexões locais de colaboração, promover a economia solidária e confirmar o território como local legítimo para a produção cultural.
A Diroxa surgiu para realizar esta tarefa essencial: promover as manifestações artístico-culturais em locais marginalizados, ampliar a arte das favelas em políticas públicas e transformar a percepção das ocupações urbanas e favelas no imaginário do Brasil, conforme afirma Oliveira.
A pedreira como espaço de conflito.
A mais antiga favela de Belo Horizonte, fundada por trabalhadores que se deslocaram do interior de Minas para erguer a nova capital, a Pedreira Prado Lopes se revela e é consequência do confronto da avenida do Contorno. Para os habitantes da comunidade, o “descontorno” que se forma é o local onde nascem o samba e o carnaval de BH, com uma trajetória marcada pela união e manifestações artísticas populares.
Contudo, a área ainda apresenta dificuldades, incluindo a especulação imobiliária, imóveis ociosos e a negação de direitos. Nesse sentido, o Galpão Pátria Livre se define como um espaço de resistência e autogestão, onde já foram promovidas diversas ações em benefício da comunidade, como a distribuição de cestas básicas e o fornecimento de refeições, que se intensificaram durante a pandemia.
Serviço
Abertura do Espaço Cultural Pátria Livre
6 de setembro (sábado)
Horário: a partir das 13h
Rua Pedro Lessa, 435 – Santo André | Ponto de Cultura Pátria Livre
Som, arte e resistência com: Meninos do Morro; OG Capitu; DJ Laila; Pagode Nossa Resenha; Vinijoe; Rap da Sapucaí; Clandestina 031; e O Mano que Faz um B.
Doação solidária: 1 quilo de alimento não perecível e/ou material escolar.
Fonte por: Brasil de Fato