Lisboa: Inteligência Artificial Aumenta Pressão na Infraestrutura de Redes

O rápido avanço da inteligência artificial (IA) está gerando uma demanda crescente por infraestrutura de rede, colocando pressão sobre sistemas cruciais como os cabos submarinos que interligam continentes. Segundo John Harrington, vice-presidente executivo de infraestrutura de rede da Nokia para a região Europa, Oriente Médio, África e Ásia-Pacífico, um elevado percentual dos cabos já opera próximo do seu limite máximo de capacidade.

A declaração foi feita durante o Atlantic Convergence, evento de tecnologia realizado em Lisboa, Portugal, e promovido pela empresa de infraestrutura DE-CIX.

Harrington ressaltou que grande parte do tráfego internacional de dados, entre 80% e 90%, já se concentra entre data centers – centros de processamento e armazenamento de dados que sustentam a computação em nuvem e os modelos de IA generativa. Essa dinâmica impulsiona a chamada inferência em IA, que envolve o uso prático de modelos de IA treinados, exigindo que essa atividade seja realizada mais perto do usuário final.

Para atender a essa demanda, é necessário redes mais rápidas e seguras, com menor latência e maior capacidade de processamento distribuído. A utilização de edge computing, ou computação na ponta, surge como uma solução fundamental. A Nokia está investindo em tecnologias que visam garantir a segurança das redes contra ameaças futuras, como a era quântica, através de criptografia pós-quântica e distribuição quântica de chaves, além de automação orientada por eventos e gêmeos digitais para simular ambientes de rede antes da implementação de mudanças.

Outro ponto destacado por Harrington é o uso de tecnologias de detecção em fibra óptica terrestre, inspiradas nas técnicas empregadas nos cabos submarinos, para identificar cortes ou interferências físicas na rede. Além disso, a empresa aponta que 39% das falhas em data centers são causadas por erro humano, conforme estudos do Uptime Institute, uma consultoria especializada em infraestrutura crítica.

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Isso reforça a importância da automação, especialmente com comandos em linguagem natural, para reduzir a dependência de operadores especializados.

A Nokia também anunciou parcerias estratégicas com empresas como Microsoft, Supermicro e Nscale, uma provedora emergente de serviços de GPU como serviço. Para o futuro, o executivo defende uma maior abertura nas redes, com padrões abertos e integração entre equipamentos de diferentes fornecedores, enfatizando que a conectividade entre continentes depende, em grande parte, da troca de dados entre data centers.