Células T reguladoras são foco de estudos que podem levar a novas terapias contra câncer, doenças autoimunes e pós-transplante. Saiba mais no Poder360.
Em 6 de outubro de 2025, o Prêmio Nobel de Fisiologia ou Medicina foi concedido aos imunologistas Mary Brunkow, Fred Ramsdell e Shimon Sakaguchi. A premiação reconheceu suas descobertas cruciais que elucidaram um dos mecanismos mais complexos do organismo humano: a tolerância imunológica periférica. Este processo vital garante que o sistema de defesa do corpo não ataque as células e moléculas normais produzidas pelo organismo, evitando reações contra patógenos ou células cancerosas.
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Os cientistas laureados ajudaram a entender o papel fundamental das células T reguladoras (Tregs). Essas células atuam como um “freio” no sistema imunológico, controlando a resposta imune e prevenindo a autoimunidade. As descobertas dos pesquisadores, acumuladas ao longo de três décadas, abriram caminho para o desenvolvimento de novos tratamentos para doenças autoimunes, como diabetes, lúpus e esclerose múltipla, além de auxiliar no combate à rejeição de transplante de medula óssea e tumores cancerígenos.
Inicialmente, acreditava-se que o controle do sistema imune era realizado apenas pela tolerância central, um processo que varria as células do organismo, identificando as problemáticas e eliminando-as. No entanto, a descoberta das Tregs transformou essa compreensão, revelando um mecanismo mais complexo, a tolerância periférica. Experimentos realizados desde a década de 1940 já demonstravam a capacidade do organismo de tolerar tecidos estranhos durante o desenvolvimento embrionário, dando origem ao conceito de tolerância central.
A identificação do gene FOXP3, por Shimon Sakaguchi, foi um marco fundamental. Ao demonstrar que este gene era expresso exclusivamente nas células Tregs e que sua ativação podia transformar células T comuns em Tregs funcionais, os pesquisadores forneceram uma base molecular sólida para o entendimento da tolerância imunológica. A descoberta também revelou a importância do gene FOXP3 no tratamento de doenças autoimunes, como a IPEX (Poliencondriopatia e Enteropatia Ligada ao Cromossomo X), uma doença rara e fatal caracterizada por autoimunidade múltipla.
Enquanto Sakaguchi identificava a célula reguladora, Mary Brunkow e Fred Ramsdell investigavam um fenômeno intrigante em ratos mutantes conhecidos como scurfy. Esses animais, assim como os seres humanos, são bastante vulneráveis ao desenvolvimento de doenças autoimunes severas e, na ausência de um de seus principais órgãos linfáticos, era esperado que sucumbissem a elas. O que se percebeu, no entanto, foi que um pequeno grupo de células T CD4+ expressando a molécula CD25 (atualmente conhecidas como Tregs) podia suprimir as reações autoimunes e restaurar a resistência nos camundongos.
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As descobertas de Mary Brunkow, Fred Ramsdell e Shimon Sakaguchi representam um avanço crucial na compreensão do sistema imunológico e abriram novas perspectivas para o desenvolvimento de tratamentos inovadores para doenças autoimunes e câncer. O reconhecimento do Prêmio Nobel destaca a importância da pesquisa científica e o impacto que ela pode ter na saúde humana.
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