“Ninguém Quer” explora paixão e autoconhecimento com Joanne e Noah. Série aborda a busca por conexão e a influência do outro na autoimagem.
Um leve aumento de autoestima, uma atenção mais aguçada, uma resposta física e uma mudança na energia – tudo isso pode ser desencadeado pela presença de outra pessoa. A neurociência explica esse fenômeno como um aumento da dopamina em áreas do cérebro relacionadas à expectativa e à recompensa, despertando potenciais internos.
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Essa experiência reacende aspectos emocionais que o cotidiano havia obscurecido, conferindo uma nova vitalidade à rotina.
É comum confundir essa experiência com a chamada “paixão”. Muitas vezes, o que chamamos de paixão é, na verdade, autoencantamento, um brilho que surge ao iluminar um lugar emocional que antes estava inativo. A pessoa se encanta com a versão que o outro desperta, em vez de se apaixonar pelo outro em si.
Essa confusão se intensifica quando a busca se torna uma reflexão sobre quem somos. A paixão real nasce da curiosidade genuína pelo outro, do interesse em conhecer o que existe além da superfície. A paixão projetada, por outro lado, surge da curiosidade sobre a versão que nos vemos ao nos encontrarmos com alguém.
Estudos, como os conduzidos por Virgínia, revelam que a incerteza aumenta o envolvimento afetivo. O cérebro registra o imprevisível como algo mais valioso, transformando a dúvida em combustível para a experiência. Situações desafiadoras, proibidas ou de baixa probabilidade de sucesso geram uma sensação de profundidade emocional maior do que a realidade.
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Muitos pacientes buscam em seus parceiros a tranquilidade e o baixo risco emocional, buscando um porto seguro para enfrentar os desafios diários. No entanto, essa busca por estabilidade é apenas o começo da história. Com o tempo, inevitavelmente nos afastamos do outro para nos reencontrarmos, e a compatibilidade se dissolve devido à evolução individual de cada um.
A questão central é: precisamos de alguém que funcione como um espelho para nos reconectar com partes que deixamos adormecer? Ou podemos simplesmente aceitar que há aspectos do outro que podemos acolher e conviver, sem a necessidade de uma sincronia absoluta?
A série “Ninguém Quer” explora essa questão complexa através da história de Joanne (Kristen Bell), uma podcaster que fala abertamente sobre sexo, e Noah (Adam Brody), um rabino. O choque de estilos de vida, crenças e valores familiares os confronta com a tarefa delicada de se apaixonar novamente, enquanto reconhecem o peso de suas diferenças.
A série mostra o esforço contínuo para transformar desencontros em linguagem comum e como a conexão só se torna possível quando ambos estão dispostos a enxergar o outro e flexibilizar.
Pesquisas da UCLA indicam que, ao sermos vistos, ativamos áreas cerebrais associadas à recompensa social e ao pertencimento. Quando alguém nos reconhece, o corpo registra como vínculo. No entanto, nem sempre ser lido(a) é ser amado(a), e a “fome” de ser percebido pode transformar qualquer gesto em promessa, sem necessariamente implicar reciprocidade.
A verdadeira coragem reside em entender que essa versão do outro continua disponível, mesmo quando o relacionamento termina. A paixão não é sobre quem chega, mas sobre o que desperta em nós.
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