Cessar-Fogo em Gaza: Acordo de Paz dos EUA Mostra-se Frágil
A implementação do acordo de cessar-fogo na Faixa de Gaza, após uma semana de sua conclusão, revela-se mais instável do que o inicialmente propagado pelo ex-presidente Donald Trump (Republicano). Tanto o governo de Israel, liderado por Benjamin Netanyahu, quanto o Hamas, grupo extremista que controla a Faixa de Gaza, apontam para violações e não demonstram compromisso com o plano até o fim. A situação complexa levanta dúvidas sobre a viabilidade de uma nova investida para encerrar a guerra no Oriente Médio, que já dura mais de dois anos.
Desafios ao Cumprimento do Acordo
A não devolução de todos os restos mortais de reféns pelo Hamas tem sido utilizada pelo governo israelense para questionar a validade do acordo de cessar-fogo. A falta de progresso na localização dos corpos, juntamente com a continuidade das execuções de integrantes de facções rivais em Gaza, intensificam as incertezas. O Hamas alega que os cadáveres não encontrados estão em locais bombardeados pelas Forças de Defesa de Israel (FDI).
Impacto Político Interno em Israel
O governo de Netanyahu se mantém no poder, em parte, pela perpetuação do conflito, que paralisa as investigações sobre denúncias de corrupção contra o primeiro-ministro. A guerra também sustenta o apoio de facções religiosas mais à direita, que defendem a ocupação do território palestino. O professor João Amorim, pesquisador e professor de direito internacional da Unifesp, destaca que a situação de Netanyahu está diretamente ligada à estabilidade na Faixa de Gaza, onde a formação e o fortalecimento do povo palestino poderiam aumentar suas chances de perder o poder nas próximas eleições.
Eleições e o Futuro do Governo
As eleições parlamentares estão marcadas para 27 de outubro de 2026. O partido do primeiro-ministro, Likud, liderado por Netanyahu, enfrenta dificuldades para obter a maioria dos assentos no Knesset. As pesquisas projetam que a sigla conquistaria entre 27 e 34 cadeiras das 120 do Parlamento. Mesmo com o apoio de outras legendas, a margem é pequena, entre 48 e 66 assentos. A oposição fragmentada, liderada pelo ex-primeiro-ministro Naftali Bennett, é o grupo mais bem posicionado nas pesquisas, mas ainda não formalizou sua pré-candidatura.
Relações Internacionais e o Acordo
O professor João Amorim acredita que a relação entre Estados Unidos e Israel não será afetada pelo impasse em Gaza. Ele ressalta que a aliança entre os dois países é mais profunda do que a transitoriedade de governos. A suspensão do auxílio financeiro militar e bélico a Israel, por um presidente dos EUA, teria consequências imediatas. Apesar dos desafios, a estabilidade do acordo de cessar-fogo em Gaza pode trazer esperança para o futuro da relação entre os países.