Netanyahu nega escassez de alimentos em Gaza, apesar de evidências e registros de crimes de guerra
O primeiro-ministro de Israel reiterou sua defesa do plano de controle do território palestino, que tem sido criticado internamente e externamente.

O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, rejeitou, no domingo (10), a fome generalizada em Gaza, apesar de dados da Organização das Nações Unidas (ONU) e informações internacionais que indicam uma crise humanitária no território palestino.
Apenas as pessoas que atualmente estão deliberadamente famintas em Gaza são nossos reféns, famintos por causa dos monstros do Hamas, afirmou.
Ele também denunciou o Hamas por ter apropriado os veículos com assistência e responsabilizou a ONU por “se recusar” a distribuir os milhares de caminhões permitidos para entrar em Gaza.
As alegações do governo israelense foram desmentidas pelo representante palestino no Conselho de Segurança da ONU, embaixador Riyad Mansour. O diplomata negou as declarações e solicitou aos membros do colegiado que avaliassem a situação em Gaza.
Então, por que vocês não vão, Conselho de Segurança? Apresentem 100 jornalistas de seus países e verifiquem o que está acontecendo em Gaza. Se vocês estão tão convencidos dessa conspiração global, demonstrem. Permitam-nos entrar na Faixa de Gaza para que possam ver exatamente o que está acontecendo.
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A fome em Gaza
Organizações de saúde internacionais relatam que, em julho, o número de crianças com desnutrição aguda em Gaza atingiu os níveis mais elevados já registrados, com o cerco israelense contribuindo para o aumento das mortes por fome na Faixa de Gaza.
Em julho, quase 12 mil crianças menores de cinco anos foram identificadas com desnutrição aguda em Gaza, o maior número mensal já registrado, afirmou o Diretor-Geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanom Ghebreyesus, na sede da OMS em Genebra.
Ele informou que pelo menos 2.500 dessas crianças apresentaram um nível de desnutrição grave e que 29 crianças menores de cinco anos faleceram por inanição até 29 de julho. Aproximadamente 197 palestinos, incluindo 96 crianças, morreram de fome desde o início do conflito, segundo autoridades de Gaza.
O plano visa controlar Gaza.
Netanyahu declarou, em coletiva de imprensa, que seu plano militar para a Faixa de Gaza – que já alcançou entre 70% e 75% de controle israelense – não visa à ocupação do território, mas sim à sua desmilitarização, assegurando o controle de segurança israelense e uma administração civil “não israelense”. Para ele, essa seria “a melhor forma de acabar com a guerra e terminá-la rapidamente”.
O embaixador palestino considera que a estratégia israelense tem como objetivo evitar a criação de um Estado palestino. A ação anunciada por Netanyahu recebeu críticas no Conselho de Segurança da ONU. Apenas os Estados Unidos se manifestaram em apoio a Israel.
O embaixador declarou: “Israel está matando palestinos em Gaza. Este é o seu objetivo. Lá, mais de dois milhões de vítimas sofrem uma agonia intolerável, quase além da compreensão da mente humana. Não podemos nos dar ao luxo de continuar fracassando. Não podemos nos dar ao luxo de sentir culpa ou vergonha. É nosso dever agir agora para impedir este genocídio”.
A ONU alertou que o plano israelense “provavelmente desencadeará outra calamidade” e países europeus condenaram a ofensiva, ressaltando o alto risco para os reféns e para a população civil.
No interior, o plano de Netanyahu também é criticado. Em meio a manifestações em Tel Aviv, famílias de prisioneiros mantidos pelo Hamas denunciam que a estratégia do governo condena os sequestrados à morte e exigem negociações urgentes para sua libertação.
A Defesa Civil de Gaza informou sobre 27 mortes no domingo, entre elas 11 indivíduos assassinados ao esperar por alimentos. O número de vítimas palestinas desde o dia 7 de outubro de 2023 já excede 61 mil, conforme dados das autoridades locais, reconhecidos pela ONU.
Fonte por: Brasil de Fato