As novas imagens divulgadas pela NASA no final da tarde de quarta-feira, 19, geraram reações de desapontamento nas redes sociais. Após semanas de expectativa em torno de uma “observação sem precedentes”, o público recebeu imagens com pontos de luz fracos, detalhes granulados e um objeto celeste de difícil visualização.
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Um usuário do Instagram da NASA comentou: “Tiraram a foto com um Nokia tijolão?”.
Origem e Trajetória do Cometa
O cometa 3I/ATLAS foi observado pelo telescópio ATLAS (Asteroid Terrestrial-impact Last Alert System) no Chile. A designação “3I” indica que é o terceiro objeto interestelar conhecido a passar pelo nosso Sistema Solar, após ‘Oumuamua (2017) e o cometa Borisov (2019).
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A órbita hiperbólica do objeto confirmou sua origem fora do nosso sistema solar, sem ligação gravitacional com o Sol.
Cientistas consideram esses objetos como “cápsulas do tempo” de outros sistemas estelares, fornecendo informações sobre a formação de planetas e cometas em diferentes partes do universo.
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Observação Multidimensionala
A NASA mobilizou 12 instrumentos espalhados pelo Sistema Solar para observar o 3I/ATLAS, em uma coordenação inédita. Imagens próximas foram obtidas por Marte, com a participação do Mars Reconnaissance Orbiter, da sonda MAVEN e do rover Perseverance, a 30 milhões de quilômetros de distância.
Missões de observação solar, como STEREO, SOHO e PUNCH, rastrearam o cometa enquanto ele passou atrás do Sol. As espaçonaves Psyche e Lucy, em missões para estudar asteroides, também capturaram imagens a centenas de milhões de quilômetros de distância.
O Telescópio Hubble e o Telescópio James Webb, entre outros grandes observatórios, também contribuíram com observações.
Desafios e Resultados Científicos
Alguns dos instrumentos utilizados não foram projetados especificamente para fotografar cometas. A missão PUNCH, por exemplo, foi desenvolvida para estudar a atmosfera do Sol. Para obter imagens do 3I/ATLAS, a equipe precisou realizar múltiplas observações e empilhá-las.
Mesmo assim, o cometa aparece como um ponto de luz fraco com uma leve elongação, que pode ser sua cauda. O cometa se aproximará da Terra em 19 de dezembro, a 274 milhões de quilômetros, quase o dobro da distância entre a Terra e o Sol.
Apesar da qualidade visual limitada, os cientistas enfatizam o valor científico das observações. Dados espectrográficos e ultravioleta da sonda MAVEN podem revelar a composição química do cometa. As múltiplas observações ajudaram a refinar sua trajetória e comparar esse visitante com cometas do nosso sistema, oferecendo informações sobre diferenças entre sistemas estelares.
“É a primeira vez que nossas missões de heliofísica observam propositalmente um objeto originado em outro sistema solar”, destacou a NASA em comunicado.
