Na ONU, especialistas denunciam Israel por supostamente praticar genocídio em Gaza
A Comissão Internacional Independente acusou Benjamin Netanyahu e outros altos funcionários do país de incitar o crime com o objetivo de ‘destruir os pa…

Investigadores da ONU acusaram Israel nesta terça-feira (16) de cometer um “genocídio” em Gaza com o objetivo de “destruir os palestinos” que vivem no território e culparam o primeiro-ministro, Benjamin Netanyahu, e outros funcionários de alto escalão do país por instigar o crime. A Comissão Internacional Independente de Investigação da ONU (COI, na sigla em inglês), que não fala em nome da organização mundial e é alvo de duras críticas de Israel, afirma que “está acontecendo um genocídio em Gaza”, disse AFP Navi Pillay, diretora da comissão.
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A responsabilidade é do Estado de Israel, enfatizou Pillay ao apresentar o documento. A comissão, com a tarefa de examinar a situação dos direitos humanos nos territórios palestinos ocupados, divulgou o relatório cerca de dois anos após o início da guerra em Gaza, que teve origem no ataque do Hamas em 7 de outubro de 2023 a Israel.
Pesquisadores argumentam que as declarações diretas de autoridades civis e militares israelenses, juntamente com o comportamento das forças israelenses, “sugerem que atos genocídicos foram cometidos com a intenção de destruir (…) os palestinos da Faixa de Gaza como grupo”. O relatório conclui que o presidente israelense Isaac Herzog, o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu e o ex-ministro da Defesa Yoav Gallant “incitaram a cometer um genocídio e que as autoridades israelenses não tomaram medidas para punir a incitação”.
O Ministério das Relações Exteriores de Israel reagiu prontamente. A secretaria declarou em comunicado que “rejeita categoricamente o relatório tendencioso e falso”, e solicitou a extinção da comissão investigadora. A pasta também considera que o relatório “é inteiramente baseado nas mentiras do Hamas, disseminadas e reiteradas por outros”.
Campanha de genocídio
A sul-africana Navi Pillay, ex-presidente do Tribunal Penal Internacional para Ruanda e juíza na Corte Penal Internacional, declarou que os líderes israelenses “orquestraram uma campanha genocida”. De acordo com dados do Ministério da Saúde de Gaza, que o Hamas controla e que a ONU considera confiáveis, quase 65.000 pessoas morreram na Faixa de Gaza desde o início da guerra. O ataque do grupo em Israel resultou em mais de 1.200 mortos.
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A grande maioria dos moradores de Gaza foi deslocada pelo menos uma vez, e novos deslocamentos continuam com a intensificação da ofensiva israelense para controlar a Cidade de Gaza, onde a ONU declarou cenário de fome. A CIDH concluiu que, desde outubro de 2023, as autoridades e forças israelenses cometeram “quatro dos cinco atos genocidas” listados na Convenção sobre o Genocídio de 1948.
Incluem “matar integrantes do grupo, causar danos físicos ou psicológicos graves aos membros do grupo, submeter intencionalmente o grupo a condições de vida projetadas para provocar sua destruição física, total ou parcial, e impor medidas destinadas a impedir nascimentos dentro do grupo”. A comissão de investigação não é uma instância jurídica, porém seus relatórios podem intensificar a pressão diplomática e servem para reunir evidências relevantes para os tribunais.
A comissão concluiu um acordo de cooperação com a CPI, “com a qual compartilhamos milhares de informações”, explicou Pillay, de 83 anos, à AFP. “A comunidade internacional não pode permanecer em silêncio diante da campanha genocida lançada por Israel contra o povo palestino em Gaza. Quando surgem indícios e provas claras de genocídio, a falta de ação para detê-lo equivale a cumplicidade”, enfatizou Pillay.
A ONU não classificou a situação em Gaza como genocídio, um termo utilizado por governantes como Luiz Inácio Lula da Silva, Gustavo Petro, Recep Tayyip Erdogan e Pedro Sánchez. Em maio, o diretor de operações humanitárias instou os líderes mundiais a “agir para impedir um genocídio”. A Corte Internacional de Justiça, em Haia, solicitou a Israel em janeiro de 2024 a adotar medidas para evitar a prática de genocídio. Por outro lado, o Tribunal Penal Internacional emitiu no mesmo ano ordens de detenção contra Netanyahu e Gallant, suspeitos de crimes contra a humanidade e crimes de guerra.
Com informações da AFP
Fonte por: Jovem Pan