Muriquis devem ficar restritos a regiões costeiras da Mata Atlântica, aponta estudo. Leia na íntegro no Poder360.
Um estudo publicado no Journal for Nature Conservation, com apoio da Fapesp, revela projeções preocupantes sobre o futuro das duas espécies de muriqui – o muriqui-do-norte (Brachyteles hypoxanthus) e o muriqui-do-sul (B. arachnoides). A pesquisa estima que até 2090, as duas espécies enfrentarão uma redução de seus habitats de aproximadamente 44% e 61%, respectivamente. O estudo destaca que essas previsões consideram apenas o impacto das mudanças climáticas, sem levar em conta outros fatores de ameaça, como o desmatamento, a fragmentação das florestas e a caça, que também impactam a sobrevivência desses primatas.
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As projeções indicam que, em 2023, um artigo já apontava a perda de áreas adequadas para o muriqui-do-sul em florestas semidecíduas no interior do Paraná e de São Paulo. O pesquisador Tiago Vasconcelos, da Unesp Bauru, confirmou resultados similares, mas ressaltou que a redução das áreas adequadas se intensificará ao longo do século. Além disso, a espécie deverá se deslocar na direção nordeste, sem que haja um aumento de áreas favoráveis. Para o muriqui-do-norte, as previsões apontam para padrões similares de perda de habitat, com uma redução acelerada a partir de 2070 e 2090.
Em 2090, o Estado de São Paulo deverá perder toda a área climaticamente adequada para o muriqui-do-norte. As principais áreas de ocorrência das duas espécies, que concentrarão a maior parte da população, permanecerão ao longo da costa, associadas a florestas ombrófilas. O pesquisador enfatiza que as mudanças climáticas imporão desafios particularmente difíceis para as populações das duas espécies em áreas no interior, associadas a florestas semidecíduas, que perdem parte das folhas na época seca do ano. Para garantir a sobrevivência das espécies, o estudo recomenda o foco em esforços de conservação nas populações do interior, além de alertar para a necessidade de uma compreensão melhor de como essas populações vão efetivamente responder às mudanças climáticas nas próximas décadas.
O estudo aponta para a importância de implementar corredores ecológicos e conectar as populações em áreas atualmente desconectadas, permitindo que as espécies mantenham o fluxo gênico e persistam como populações saudáveis neste século. A pesquisa ressalta que, embora as mudanças climáticas representem um desafio significativo, a combinação com outros fatores de ameaça pode levar ao isolamento de populações e à quebra do fluxo gênico, impactando negativamente a sobrevivência das espécies.
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