A Marcha das Mulheres Negras de São Paulo manifestou seu repúdio à decisão do prefeito Ricardo Nunes (MDB) de impedir a liberação de recursos orçamentários destinados à edição do evento. O corte afetava os investimentos previstos para a 10ª edição, que ocorreria em julho.
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
Em publicação nas redes sociais, o movimento classificou a medida como um “ataque direto à construção coletiva que, há anos, garante voz, visibilidade e espaço político para mulheres negras”.
A declaração indica que “não se trata apenas de um corte orçamentário, mas sim de uma tentativa de abafar aqueles que denunciam o racismo, o machismo, a LGBTQfobia e todas as manifestações de opressão”.
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
A organização criticou também o que considera uso eleitoreiro do dinheiro público. “Não deveria haver critério político para liberar emendas de cunho cultural e antirracista”, afirmou o movimento.
A avaliação indica que o veto, que incide principalmente em projetos apresentados por parlamentares da Bancada Feminista e da oposição, demonstra um esquema de assédio político da gestão Ricardo Nunes (MDB) a iniciativas culturais e antirracistas na cidade de São Paulo.
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
LEIA TAMBÉM!
Anualmente, parlamentares de esquerda alocam emendas para financiar a infraestrutura de manifestações, incluindo palco, barracas e equipamentos de som na Praça da República. Esse recurso é essencial, visto que a Prefeitura não disponibiliza editais ou outras modalidades de financiamento direto para eventos sociais.
Em 2024, contudo, as emendas propostas pela Bancada Feminista e pela vereadora Luana Alves (Psol), ambas da oposição, não foram liberadas a tempo do evento. A justificativa oficial não foi divulgada, mas o movimento suspeita de motivação política.
A Marcha das Mulheres Negras de SP não é um evento isolado: é fruto da luta de gerações, das nossas ancestrais e da mobilização popular que resiste às estruturas de exclusão. Cortar recursos é retirar direitos, é negar o papel fundamental da participação social e popular na construção de uma sociedade justa.
A organização aponta que, apesar do bloqueio, o movimento continuará atuando. “Vamos às ruas com o que temos, porque nossa luta não cabe no orçamento de nenhum governo. Mas deixamos claro: isso não é gestão, é censura”.
Um caso parecido aconteceu com a Festa Literária Pirata das Editoras Independentes (Flipei), que ocorreu entre os dias 6 e 10 de agosto em São Paulo. A Prefeitura de São Paulo cancelou o contrato que permitia a organização do evento utilizar a Praça das Artes, administrada pela Fundação Theatro Municipal. Emendas parlamentares que teriam viabilizado a realização da feira também foram retiradas.
O Brasil de Fato enviou requerimento à prefeitura, mas não obteve resposta até a publicação desta reportagem. O espaço permanece aberto para manifestação.
Fonte por: Brasil de Fato
