Mulheres indígenas celebram o dia internacional em resistência, atuando como guardiãs da cultura e dos biomas
Eliane Xunakalo destaca o papel das mulheres na conservação dos conhecimentos e na política.

A data Internacional do Dia da Mulher Indígena, comemorada desde 1983, é lembrada nesta sexta-feira (5) como um símbolo de resistência e afirmação da luta das mulheres indígenas e camponesas. No Brasil, conforme dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) de 2022, existem mais de 860 mil mulheres indígenas, que lidam com altos índices de violência, informalidade no mercado de trabalho e dificuldades para acessar direitos fundamentais.
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Em entrevista ao Conexão BdF, da Rádio Brasil de Fato, Eliane Xunakalo, cofundadora da Articulação Nacional das Mulheres Indígenas Guerreiras da Ancestralidade (Anmiga), declara que a data é tanto de celebração quanto de reflexão. “A data é importante porque ela celebra a mulher indígena. Ser mulher indígena é ser guardiã da cultura, ser guardião dos biomas e, acima de tudo, é resistência”, afirma.
As mulheres indígenas são cruciais para a manutenção de conhecimentos tradicionais. “Primeiramente, ela educa seus filhos, transmitindo o seu saber. Então, ela ensina a língua, os cânticos, a maneira de lidar [com as situações], e repassa o conhecimento que foi da sua avó, da sua mãe, da sua tetravó”, afirma. Além do papel na educação, ela acrescenta que as mulheres ocupam espaços de liderança em comunidades e, cada vez mais, também na sociedade não indígena.
Apesar dos recentes avanços, como a eleição da deputada federal Célia Xakriabá (Psol-MG) e a nomeação de Sonia Guajajara (Psol-SP) para o Ministério dos Povos Indígenas, a fundadora da Anmiga avalia que a representatividade ainda é insuficiente. “Célia tem desempenhado um papel importante, mas é necessário haver outras mulheres indígenas ocupando a política para que tenhamos incidência”, defende. Para ela, a atuação política deve ser guiada pelo coletivo. “Fazer política é pensar no coletivo, é pensar no bem viver de uma sociedade”, complementa.
Para assegurar os direitos das mulheres indígenas, é necessário implementar políticas públicas eficazes e promover a visibilidade. “Há uma necessidade de visibilidade. A Marcha das Mulheres Indígenas, que ocorre anualmente, é uma iniciativa para dar visibilidade, amplificar as vozes das mulheres que estão nos territórios e denunciar as ameaças que nos atingem”, afirma. O evento foi realizado entre os dias 2 e 8 de agosto, em Brasília.
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A data também coincide com o Dia da Amazônia. Para Eliane, a floresta e as mulheres indígenas compartilham características. “Quando eu comparo a Amazônia com a mulher, eu digo que ela é complexa, ela é bela, mas precisa de visibilidade, de respeito, e principalmente para quem cumpre o dever de ser guardiã da Amazônia”, afirma.
Para audir e visualizar.
O jornal Conexão BdF vai ao ar em duas edições, de segunda a sexta-feira: a primeira às 9h e a segunda às 17h, na Rádio Brasil de Fato, 98.9 FM na Grande São Paulo, com transmissão simultânea também pelo YouTube do Brasil de Fato.
Fonte por: Brasil de Fato