Movimento Grito dos Excluídos e Excluídas mobiliza-se nas ruas de Porto Alegre em iniciativa cidadã para o país
Caminhada e manifestação política em defesa de direitos realizada no domingo (7) por centrais sindicais e movimentos populares.

Em contraposição aos desfiles cívico-militares do 7 de setembro, as ruas de Porto Alegre terão no domingo (7) a 31ª edição do Grito dos Excluídos e Excluídas, que neste ano se une à jornada de lutas Povo Independente é Povo Soberano. A programação terá concentração às 10h30 no espelho d’água do Parque da Redenção, seguida de caminhada, e um ato político às 14h na Ponte de Pedra, no Largo dos Aças.
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A mobilização representa uma articulação nacional em várias capitais e cidades do interior, unindo organizações em defesa da democracia, da soberania e de direitos sociais. Diante de um cenário em que o país ainda enfrenta os efeitos das tentativas de golpe, os organizadores reforçam a importância da união para discutir os rumos do Brasil.
O presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT-RS), Amarildo Cenci, explica que o ato visa reafirmar o caráter soberano do país e a necessidade de combater qualquer tipo de tutela externa ou ameaça interna. “Nosso país não é o quintal de quem quer que seja. Queremos punição para os golpistas”, afirma.
Trinta anos de história e resistência.
O Movimento dos Excluídos Líderes surgiu em 1995, motivado pela 2ª Semana Social Brasileira da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e pelo tema da Campanha da Fraternidade daquele ano, “Fraternidade e Excluídos”. Desde então, transformou-se em uma mobilização contínua que destaca as vozes marginalizadas das periferias, do campo e das comunidades tradicionais. Em sua primeira edição, utilizava o lema “A vida em primeiro lugar”, unindo igrejas, sindicatos, movimentos sociais e pastorais em uma ação coordenada.
A seleção do dia 7 de setembro sempre foi deliberada: examinar o conceito da independência e expandir seu alcance, convertendo o dia em um local de crítica às desigualdades e afirmação de um projeto do povo para o país.
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Waldir Bohn Gass, da coordenação do Grito, recorda o contexto de surgimento do movimento nos anos 1990, quando o neoliberalismo avançava e direitos sociais eram atacados. Para ele, há paralelos claros com a conjuntura atual. “O tema da democracia se impôs, pois esta ainda é frágil, sob ameaças permanentes, orquestradas a nível mundial, e depende do protagonismo popular para ser defendida e aprofundada. Por isso o lema, ‘Cuidar da Casa Comum e da Democracia é luta de todo dia’”, destaca.
Soberania e direitos são os temas centrais da discussão.
Este ano, o Grito se junta às lutas em defesa da soberania nacional, articulando questões que vão da política energética à valorização dos serviços públicos. O fortalecimento das empresas estatais é apontado como estratégico para garantir um projeto de desenvolvimento que combine justiça social e crescimento econômico.
Neiva Lazzarotto, integrante da Intersindical, destaca a importância de defender a soberania em consonância com os direitos da classe trabalhadora. “O Grito dos Excluídos é um grito por justiça social, por direitos, por vida digna. Nossas estatais são fundamentais para um projeto de desenvolvimento com justiça social. Foi assim com a Petrobras, Eletrobras, nossas universidades, veja o que é o SUS fantástico, os institutos federais, a Embrapa”, afirma.
Ademais da denúncia, a ação também indica propostas. Uma delas é a mobilização em torno do Plebiscito Popular de 2025, que consulta a população sobre temas como a redução da jornada de trabalho sem redução de salários e a taxação dos super-ricos.
Para o presidente estadual da Central dos Trabalhadores do Brasil (CTB-RS), Rodrigo Callais, essas propostas representam a defesa de um novo modelo de país. “Vai ser um dia em que defendemos as pautas da classe trabalhadora pela redução da jornada de trabalho sem redução de salários, o fim da escala 6×1, a isenção do imposto de renda para quem ganha até R$ 5 mil e a taxação de quem ganha acima de R$ 50 mil. E acima de tudo, defender a nossa soberania e a nossa democracia que vêm sendo duramente atacadas”, afirma.
A energia da juventude e o apoio mútuo.
A diversidade é um dos pontos centrais do Grito dos Excluídos. Em Porto Alegre, a juventude e os coletivos de combate à fome se unem à mobilização. As cozinhas solidárias, que surgiram durante a pandemia e se fortaleceram nas cheias, estarão presentes para exigir políticas permanentes de segurança alimentar.
Lucas Monteiro, do Levante Popular da Juventude, aponta que o Grito também é um momento de afirmação cultural e identitária. “É um momento importante para a gente dialogar com as pessoas, mas sobretudo reafirmar o orgulho que nós temos em ser brasileiros, o orgulho que nós temos em ser latino-americanos. Um orgulho que defende a democracia, que quer mais melhorias de vida, quer melhores condições de vida”, destaca.
Fonte por: Brasil de Fato