Moradores se manifestam contra a extinção do maior posto de atendimento infantil de Minas Gerais

A manifestação ocorreu em frente ao Hospital Infantil João Paulo II, que encontra-se com a UTI interditada desde o dia 22.

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(Imagem de reprodução da internet).

Mães, pais e profissionais de saúde protestaram na quarta-feira (3) contra o fechamento do Pronto Atendimento do Hospital Infantil João Paulo II (HIJPII), em Belo Horizonte. A unidade está ameaçada diante da construção do Complexo Hospitalar Padre Eustáquio (HoPE), proposto pelo governo Zema (Novo). A transferência do Hospital João Paulo II para o HoPE poderá levar ao fechamento do Pronto Atendimento da unidade, pois o novo hospital não será de “porta aberta”.

De acordo com os documentos oficiais, o Complexo Hospitalar não realizará atendimentos de pronto atendimento considerados serviços de menor complexidade. Confirmase que o hospital não funciona como “porta aberta” e seu atendimento é restrito a atendimentos regulados (através da Central de Regulação de Leitos ou da Central de Regulação do SAMU) e a pacientes que se encontram em egressos do hospital.

Em 2024, o HIJPII realizou 64,9 mil atendimentos a crianças mineiras. Os pacientes de Belo Horizonte representaram mais da metade dos atendimentos, totalizando 37,9 mil crianças. 26,6 mil foram provenientes de unidades de pronto atendimento. Além do volume, a abrangência do hospital também é notável e evidencia a relevância da unidade para todo o estado. Em 2024, o João Paulo II assistiu crianças de 530 municípios mineiros.

Rafaela de Souza é mãe de uma criança atípica de 1 ano e 2 meses, que recebe todo o tratamento necessário na unidade, com atendimento especializado em diversas áreas.

Cheguei aqui bastante desesperada após o diagnóstico de nanismo da Hadassa, mas, por sorte e graças aos profissionais, este hospital se tornou um refúgio para nós.

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Souza relata que, em suas experiências de atendimento individual, além do alto custo, sofreu desrespeito e não se sentiu satisfeita com o serviço. “Eles perderam até o histórico hospitalar de sua filha”, detalha.

Diferentemente da vivência com a rede privada, a mãe relata que, em uma internação de emergência por bronquiolite, os profissionais do HIJPII não pararam até diagnosticar completamente a filha.

Ela já havia sido tratada, porém persistia com a respiração anômala. Não cessaram os esforços até identificar a causa, e então foi diagnosticado a laringomalácia e imediatamente prosseguiram com o tratamento.

Ela expressava uma tristeza intensa e um desespero ao perceber que talvez não pudessem mais depender daquele lugar.

Em relação ao impasse, a Fundação Hospitalar do Estado de Minas Gerais (Fhemig) defende que não lhe compete realizar atendimentos pediátricos de baixa complexidade, ressaltando que a Prefeitura de Belo Horizonte deveria assumir essa função, inaugurando um novo Pronto Atendimento Pediátrico na região, em conjunto com a UPA Centro-Sul. A Secretaria Municipal de Saúde de Belo Horizonte, por sua vez, esclareceu, por meio de pedido de informação da Câmara Municipal de BH, protocolado pelo vereador Bruno Pedralva (PT), que a secretaria não possui as condições necessárias para absorver o atendimento do Hospital João Paulo II.

Diante disso, Pedralva questiona qual será o futuro dos pacientes, principalmente de crianças e adolescentes da região centro-sul que contam apenas com o Pronto Atendimento do HIJPII como opção para casos de urgência pediátrica.

O parlamentar afirma que o fechamento do maior e melhor posto de atendimento pediátrico de Minas Gerais configura um crime contra o direito à saúde das crianças e suas famílias.

“Vou lutar para que, durante a tramitação da cessão do terreno de BH para o HoPE, possamos garantir como contrapartida do governo de Minas Gerais o compromisso de manutenção do Pronto Atendimento do João Paulo”, reforça o vereador, que também é médico da rede SUS de BH.

Uma outra preocupação levantada na manifestação foi a transferência de pacientes da UTI, uma vez que a Unidade de Tratamento Intensivo do Hospital João Paulo II encontra-se fechada há 15 dias. O encerramento da UTI é justificado pelo governo de Minas Gerais como algo pontual, motivado por obras no local. Contudo, o processo vivenciado pelo João Paulo II é o mesmo enfrentado no Hospital Maria Amélia Lins (HMAL). Desde o início do ano, a unidade está fechada sob a mesma alegação, o que tem impedido a realização de cerca de 2 mil cirurgias ortopédicas. Ao longo da execução da obra, a Fhemig apresentou uma proposta para a terceirização do hospital.

Fonte por: Brasil de Fato

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