Moradores da favela do Moinho protestam e interditam avenida no centro de SP contra a criminalização da comunidade
Comunidade exige o cumprimento do acordo habitacional e relata casos de repressão e prisões injustificadas.

Os moradores da Favela do Moinho, em São Paulo (SP), protestaram na noite de quarta-feira (10) contra a criminalização da comunidade e para exigir o cumprimento do acordo de moradia estabelecido entre os governos estadual e federal. A ação ocorreu em razão das recentes prisões de líderes comunitários e do aumento da repressão policial no local.
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A manifestação começou por aproximadamente as 17h, na sede da Associação de Moradores da Favela, e aumentou com a participação de diversas redes de apoio e organizações comunitárias. Cerca das 19h, os participantes tomaram a Avenida Rio Branco, uma das principais ruas do centro da cidade.
“Nossa demanda é por liberdade. Liberdade para deslocar-se sem violência, sem ser agredido, ter uma moradia adequada e uma vida decente para os habitantes desta comunidade”, declarou Daiane Ariana dos Santos, liderança local.
Ela reportou a atuação policial que levou à detenção de duas mulheres conhecidas da região e considerou os incidentes como atos de vingança. “Essas prisões representam um revés. Apreender as lideranças comunitárias é uma retaliação e um revés”, criticou.
O presidente Lula assegurou apoio à comunidade e aguarda para ver se cumprirá sua promessa, declarou.
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Nas últimas semanas, sete indivíduos foram detidos em operação do Ministério Público de São Paulo, com apoio das polícias Civil e Militar. Dentre os presos, destacam-se duas lideranças da Associação de Moradores, que, de acordo com informações, sofreram agressões e tiveram drogas plantadas pela polícia. Defensores alegam que os documentos do processo permanecem confidenciais, obstruindo o acesso da defesa às provas.
A partir de abril deste ano, a Favela do Moinho encontra-se em processo de desocupação. Um acordo entre o governo federal e o estado de São Paulo estabelece o pagamento de até R$ 250 mil para que cada família obtenha uma nova moradia. Mais de 500 famílias já abandonaram o local, porém, aproximadamente 250 ainda permanecem na área, aguardando a conclusão do acordo. Moradores relatam o emprego da força e a criminalização como métodos de pressão sobre as famílias que ainda não deixaram a região.
A comunidade do Moinho é o último assentamento existente no centro de São Paulo, área alvo de projetos de investimento imobiliário. O lote pertence ao governo federal, que originalmente o doou ao governo do estado, com a intenção de construir um parque e uma estação da CPTM.
Fonte por: Brasil de Fato