Milhares de jovens protestam no Peru contra governo; caveira de “One Piece” surge nos atos.
Desde setembro, milhares de jovens têm tomado as ruas do Peru em protestos contra a Presidência e o Congresso. Os atos iniciaram durante a gestão de Dina Boluarte (sem partido) e continuam mesmo após sua posse, em 9 de outubro. O novo presidente, Somos Perú, centro, assumiu o cargo com a promessa de “guerra contra a delinquência” e um “governo de empatia e reconciliação nacional”.
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As manifestações, que surgiram em reação à reforma da previdência e à lei de anistia, agora também incluem a demanda por renúncia de Jerí, novas eleições e medidas efetivas contra a insegurança pública.
Um símbolo se destacou entre os cartazes e bandeiras tradicionais: a caveira dos Mugiwara, inspirada na obra de Eiichirō Oda, a série japonesa “One Piece”. A história acompanha Monkey D. Luffy, um jovem pirata que sonha em encontrar o One Piece, tesouro lendário que o tornaria o “Rei dos Piratas”.
Ao longo da jornada, Luffy reúne uma tripulação —os Mugiwara (‘palha de trigo’, em japonês)— que luta contra impérios autoritários, governos corruptos e forças militares.
No anime, o chamado “Planeta Azul” é governado pelo Governo Mundial, que controla grande parte do território e mantém bases e instalações militares espalhadas pelo mundo. O planeta é formado por arquipélagos, sem continentes, e o governo conquistou as ilhas para consolidar seu domínio.
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Como parte dessa estratégia, destruiu os registros e a história anteriores à sua ascensão ao poder. Embora a premissa do desenho seja a busca pelo One Piece, o tesouro deixado pelo rei dos piratas e grande ambição dos personagens, o Governo Mundial é retratado como o grande antagonista, simbolizando dominação, censura e opressão.
Os protagonistas, integrantes da tripulação de Luffy, enfrentam o governo e lutam pela liberdade.
A marca da caveira dos Mugiwara também apareceu em locais de protesto, incluindo , onde manifestantes adotaram o emblema como contestação política. O mesmo ocorreu na França, Indonésia e Estados Unidos. A congressista , do partido Fuerza Popular (ligado ao ex-ditador ), ironizou o uso de desenhos animados durante o debate sobre a reforma da previdência. “Os desenhinhos não são tão delicados, nem tão infantis, nem tão inocentes”, disse.
Os protestos começaram após a aprovação de uma reforma da previdência que obriga trabalhadores autônomos a contribuir para o sistema público e restringe saques antecipados para menores de 40 anos. O movimento, liderado por jovens da chamada Geração Z (nascidos de 1997 a 2012), ganhou força nas redes sociais e logo se espalhou por Lima e outras cidades, incorporando reivindicações contra a lei de anistia sancionada em agosto, que beneficia militares, policiais e outros agentes do Estado processados por crimes contra os direitos humanos cometidos durante conflitos com as guerrilhas de esquerda Sendero Luminoso e o MRTA (Movimento Revolucionário Túpac Amaru) de 1980 a 2000.
Além das pautas iniciais, os trabalhadores do setor de transporte se uniram posteriormente aos protestos, trazendo à tona a preocupação com a crescente criminalidade e a sensação de abandono pelo Estado.
Motoristas de ônibus e aplicativos denunciam extorsões frequentes, ataques a tiros e falta de proteção das autoridades, que, segundo eles, priorizam a repressão aos manifestantes em vez de garantir segurança nas ruas. A destituição de Dina Boluarte ampliou o clima de instabilidade política no país.
Ela foi afastada sob acusação de enriquecimento ilícito e responsabilidade nas repressões violentas a protestos anteriores, sendo declarada pelo Congresso como tendo “incapacidade moral” para governar. Com o fim do governo de Boluarte, o chefe do Congresso, José Jerí Oré, assumiu a Presidência com um discurso de “reconciliar o país” e “combater a delinquência”, mas enfrenta rejeição crescente nas ruas.
Nos últimos 25 anos, o país sul-americano teve 11 presidentes, dos quais apenas 3 conseguiram cumprir o mandato completo de 5 anos. Com o fim do governo de Boluarte, o chefe do Congresso, José Jerí Oré, assumiu a Presidência com um discurso de “reconciliar o país” e “combater a delinquência”, mas enfrenta rejeição crescente nas ruas.
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