Pesquisa em universidades do Rio de Janeiro aponta: consumo anual de até 55.000 microplásticos na alimentação. Saiba mais no Poder360.
Todos os dias, imaginamos que a quase totalidade dos indivíduos do planeta utiliza sacos plásticos para diversas atividades, desde o descarte de lixo até o uso de garrafas pet e o armazenamento de alimentos. O plástico, uma invenção relativamente recente, tornou-se onipresente em nossas vidas devido à sua versatilidade, durabilidade e baixo custo, características que, paradoxalmente, representam um desafio colossal para a saúde do planeta.
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Anualmente, o mundo produz mais de 330 milhões de toneladas de plástico. Estima-se que já existam 4,9 bilhões de toneladas de resíduos plásticos, em diferentes tamanhos e composições químicas, presentes em praticamente todos os habitats naturais. Para o ano de 2050, a previsão é de que essa quantidade aumente em 12 bilhões de toneladas métricas.
A disseminação global do plástico gerou partículas de micro e nanoplásticos, consideradas poluentes emergentes com potenciais riscos à saúde. Elas representam um contaminante ambiental global, afetando organismos vivos e ecossistemas. Apesar das lacunas no conhecimento, estudos recentes apontam para uma coexistência entre micro e nanoplásticos em matrizes ambientais e biológicas, podendo representar riscos ainda maiores devido ao seu tamanho reduzido e capacidade de penetração celular.
Um dos maiores desafios para avançar no entendimento sobre os nanoplásticos está na sua detecção, análise e classificação. Diferentemente dos microplásticos, que são relativamente mais fáceis de isolar e caracterizar, os nanoplásticos muitas vezes ficam abaixo dos limites de detecção das técnicas convencionais, exigindo equipamentos especializados. Isso resulta em um número limitado de estudos focados exclusivamente neles.
Dados quantitativos sobre microplásticos foram compilados a partir de 26 estudos, resultando em 402 pontos de dados que representam mais de 3.600 amostras processadas. A contaminação por microplásticos via inalação foi avaliada com base em concentrações no ar e nas taxas de respiração fornecidas pela Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos. Em relação à exposição alimentar, microplásticos foram encontrados em frutos do mar, açúcar, sal, mel, álcool, água de torneira e engarrafada.
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Estima-se que os humanos consumam de 39 mil a 52 mil microplásticos por ano, se considerar a via de inalação, esse número aumenta para 74 mil a 121 mil micro e nano plásticos anuais. Indivíduos que consomem água engarrafada podem ingerir quase 90 mil microplásticos adicionais por ano, em comparação com apenas cerca de 4.000 microplásticos entre aqueles que consomem água encanada.
Além das partículas plásticas em si, há preocupação com os aditivos usados na fabricação de plásticos. São cerca de 2.712 compostos conhecidos, alguns deles classificados como carcinogênicos, capazes de provocar danos ao DNA, apoptose, comprometimento do sistema imunológico e até certos tipos de câncer. Muitos ainda não foram testados quanto à toxicidade.
Mudar os comportamentos individuais, corporativos e governamentais pode ser a chave para enfrentar a crise global causada pelo plástico. Políticas internacionais são fundamentais, incluindo ampliar a coleta e a reciclagem, reduzir a produção e o consumo, aplicar impostos sobre descartáveis e incentivar plásticos biodegradáveis.
A proliferação do plástico representa uma ameaça profunda à saúde dos ecossistemas e dos seres vivos, com consequências imprevisíveis para todo o equilíbrio ecológico da Terra. Pode-se dizer que esta fase do Antropoceno poderia ser chamada de era dos plásticos.
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