Mercado de Energia Eólica no Brasil Enfrenta Desaceleração
O mercado de energia eólica no Brasil está passando por um período de desaceleração, impactado por desafios como gargalos na rede elétrica, custos elevados e restrições de financiamento. Essa situação tem gerado um teste para as empresas chinesas de energia renovável, que buscam expandir sua presença global.
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Segundo um executivo do setor, o Brasil apresenta um potencial de recuperação por volta de 2027, dependendo da melhoria das condições de transmissão e do surgimento de novas fontes de demanda. O Nordeste brasileiro, com seus recursos eólicos abundantes, é considerado um dos melhores mercados do mundo para essa tecnologia.
Obstáculos de Curto Prazo
Um dos principais problemas é o “corte de energia”, que afeta significativamente a rentabilidade dos projetos e o entusiasmo dos investidores, especialmente nas regiões Norte do país, onde a energia eólica e solar são concentradas. As taxas de corte podem chegar a 20% ou mais em alguns projetos.
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A disparidade entre a geração de energia limpa, principalmente no Norte e Nordeste, e seu consumo, concentrado nos polos econômicos do Sudeste, como São Paulo e Rio de Janeiro, é outro gargalo. A capacidade insuficiente de transmissão inter-regional é o principal obstáculo.
O governo brasileiro planeja a construção de novas linhas de transmissão, com previsão de entrada em operação por volta de 2028 e 2029. Um projeto fundamental, apoiado por uma subsidiária da China, tem previsão de conclusão para 2029.
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Custos e Financiamento
Além dos desafios de curto prazo, os altos custos de construção de parques eólicos terrestres no Brasil – cerca de três vezes maiores do que na China – e as taxas de juros persistentemente altas (o Banco Central elevando sua taxa básica para 15% em junho) têm restringido o investimento em projetos de geração de energia com uso intensivo de capital.
A situação atual de juros torna inviável a comercialização de muitos projetos de geração de energia.
Potencial de Longo Prazo
Apesar dos desafios, a demanda por eletricidade no Brasil apresenta um significativo potencial de crescimento a longo prazo, impulsionado pela transição energética em curso e pelo rápido crescimento na indústria de veículos elétricos, com diversas montadoras chinesas anunciando planos para construir ou expandir sua capacidade de produção no Brasil.
A demanda também deve disparar no setor de data centers, como o complexo de R$ 200 bilhões anunciado pelo TikTok no Ceará. O país possui energia limpa em abundância e seus preços de eletricidade são atrativos globalmente. Além disso, existe um potencial inexplorado no consumo residencial de eletricidade, apesar dos preços relativamente altos e dos apagões frequentes em algumas áreas.
Oportunidades para Empresas Chinesas
Empresas chinesas de energia eólica estão entrando cada vez mais no mercado brasileiro. A Goldwind Science & Technology iniciou as operações em sua base de fabricação de turbinas eólicas no Estado da Bahia, no Nordeste do Brasil, em agosto de 2024.
A Windey Energy Technology inaugurou um centro de pesquisa e desenvolvimento em Salvador, capital da Bahia, em junho de 2025. O Grupo Envision também assinou um acordo em maio para construir o 1º parque industrial com emissão zero de carbono da América Latina no Brasil.
Perspectivas para o Futuro
A América Latina não é um mercado para crescimento explosivo de curto prazo, mas sim um que exige paciência e localização –“um mercado que deve ser cultivado a longo prazo”. Xu Yuejian, gerente geral de marketing internacional da Sany Renewable Energy, espera que a América Latina atraia mais empresas chinesas nos próximos 5 anos, principalmente em setores como energia eólica e solar e armazenamento de energia.
A Sany Renewable Energy exemplifica essa abordagem, com uma equipe regional em São Paulo atendendo mercados como Brasil, Chile, Argentina e México.
