Menopausa após tratamento contra câncer: jornada complexa e marcada por luto reprodutivo. Pacientes enfrentam desafios físicos, emocionais e existenciais, necessitando de cuidado abrangente e apoio
A menopausa, frequentemente vista como um evento natural que marca o fim da fertilidade, assume um significado profundamente diferente para mulheres que passaram por tratamento contra o câncer. Para muitas, essa transição se torna um momento de luto, marcado por mudanças físicas, emocionais e existenciais que raramente são devidamente abordadas.
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A menopausa, nesse contexto, pode ser uma jornada complexa, repleta de desafios que exigem atenção e cuidado.
A experiência de uma mulher que enfrenta o câncer é singularmente intensa. O tratamento, com seus efeitos colaterais e impactos na saúde, pode levar à menopausa precoce, muitas vezes abrupta e sem aviso. Essa ocorrência, que pode acontecer em qualquer idade, mas com maior frequência em pacientes com câncer, é frequentemente acompanhada de sintomas físicos e emocionais intensos.
A menopausa precoce, nesse cenário, pode ser mais severa e impactar a qualidade de vida de forma significativa.
O tratamento do câncer, com seus agentes alquilantes, como a ciclofosfamida, pode causar danos diretos aos ovários e ao útero, comprometendo a fertilidade e a produção de hormônios femininos. A quimioterapia, em particular, pode levar à menopausa precoce, interrompendo a produção de estrogênio e progesterona.
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A radioterapia, utilizada no tratamento de tumores do colo do útero, também pode danificar permanentemente os órgãos reprodutivos, afetando futuras gestações.
Além dos impactos físicos, a menopausa precoce pode desencadear um profundo luto reprodutivo. Para mulheres que sonhavam com a maternidade, a perda da fertilidade pode ser uma dor lancinante, um luto que muitas vezes não recebe o apoio e a compreensão necessários.
Essa experiência pode gerar sentimentos de tristeza, frustração e desesperança, impactando a autoestima e a identidade da mulher.
Os sintomas físicos da menopausa precoce, como ondas de calor, ressecamento vaginal, insônia e alterações de humor, podem ser intensificados pela experiência do tratamento do câncer. A combinação desses sintomas, somada ao impacto psicológico da doença e do tratamento, pode gerar um sofrimento significativo.
A menopausa precoce também pode afetar a saúde óssea, aumentando o risco de osteoporose, e a saúde cardiovascular, devido à diminuição dos hormônios femininos. A necessidade de acompanhamento médico regular e a adoção de hábitos saudáveis se tornam ainda mais importantes nesse contexto.
É crucial que os profissionais de saúde reconheçam a complexidade da menopausa provocada pelo tratamento do câncer e ofereçam um cuidado abrangente, que inclua o acompanhamento físico, psicológico e social. A escuta atenta, a empatia e a validação das emoções da paciente são fundamentais para promover o bem-estar e a qualidade de vida.
A medicina integrativa, que combina os melhores recursos da medicina convencional com práticas complementares baseadas em evidências, pode ser uma aliada importante nesse processo. A acupuntura, a meditação, os exercícios físicos, a fitoterapia e as terapias corporais podem ajudar a reduzir os sintomas, promover o relaxamento e fortalecer a saúde mental e física da paciente.
A menopausa provocada pelo tratamento do câncer não é apenas uma mudança hormonal; é uma jornada de transformação que exige cuidado, compreensão e apoio. É fundamental que a sociedade reconheça a importância desse tema e que as mulheres que passaram por essa experiência sejam acolhidas com dignidade e respeito.
Dra. Larissa Müller Gomes – CRM/SP 180158 | RQE 78497 Oncologista Clínica Membro Brazil Health
Autor(a):
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