Pesquisadores da USP investigam genes de centenários brasileiros, incluindo João Marinho, de 113 anos, em busca de “genes protetores” para longevidade
A ciência está redefinindo a percepção sobre o envelhecimento, revelando que a longevidade pode ser mais do que uma questão de sorte. No Brasil, uma pesquisa inovadora, coordenada pela professora Mayana Zatz, está investigando o genoma de centenários, buscando identificar os genes que contribuem para uma vida longa e saudável.
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O projeto, iniciado em 2008 e com o apoio da Universidade de São Paulo, analisa o genoma de mais de 160 pessoas com 100 anos ou mais, buscando entender as bases genéticas da longevidade.
O estudo, denominado Projeto 80+, sequencia o genoma completo de 1.171 idosos brasileiros altamente miscigenados, fornecendo mais de 76 milhões de variantes, incluindo cerca de 2 milhões que não são encontradas em grandes bancos de dados públicos.
A pesquisa se concentra em identificar os chamados “genes protetores”, que atuam como um escudo biológico, auxiliando o organismo a resistir a doenças, ao envelhecimento e influências ambientais negativas. A análise é inédita em pessoas com alta miscigenação.
Os genes protetores ajudam o organismo a resistir melhor a doenças, ao envelhecimento e a influências ambientais negativas. A pesquisa da USP destaca que, em idades avançadas, como acima de 90 anos, o impacto da genética na saúde e longevidade pode chegar a 80%, superando a influência de fatores ambientais e comportamentais.
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Um dos casos mais emblemáticos estudados é o do cearense João Marinho, atualmente o homem mais velho do mundo, com 113 anos. A pesquisa investiga como alterações químicas no DNA, conhecidas como modificações epigenéticas, podem afetar a longevidade, sem alterar a sequência do DNA, mas ligando ou desligando genes.
A pesquisa também investiga o gene MUC22, que ajuda a produzir mucinas, proteínas que formam o muco das vias respiratórias e participam da imunidade e do controle da inflamação pulmonar. Os pesquisadores detectaram variantes missense, que trocam um aminoácido por outro na proteína codificada pelo gene, e que podem estar associadas à proteção contra a Covid-19.
Embora não se possa provar a causalidade, o estudo abre caminho para futuras pesquisas que, editando genes humanos, reproduziriam esse efeito benéfico, tornando nossa mucosa respiratória mais resistente a vírus.
A perspectiva de manipular genes para aumentar a longevidade é inspiradora, embora ainda distante do ponto de vista ético e tecnológico. A pesquisa da USP representa um passo importante na compreensão dos segredos da longevidade e pode, no futuro, levar a novas terapias para prolongar a vida humana.
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