Consumo Precoce de Álcool entre Adolescentes: Um Problema de Saúde Pública
Um estudo recente, liderado por Mariana Guedes de Agostini Sóssio e Elize Massard da Fonseca, revela a preocupante realidade do consumo de álcool entre adolescentes brasileiros. Dados do Levantamento Nacional de Álcool e Drogas (LENAD) indicam que, apesar da proibição, 1 em cada 4 jovens entre 14 e 17 anos já experimentou o consumo de bebidas alcoólicas. Essa prática, socialmente aceita em algumas regiões, representa um sério risco à saúde, especialmente quando iniciada em idade precoce.
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O estudo aponta que o consumo de álcool por adolescentes está associado a impactos negativos no desenvolvimento emocional, físico e social. O LENAD demonstra que 27,6% dos adolescentes já beberam pelo menos uma vez na vida, com 19,1% consumindo no último ano e 10,4% no último mês. Apesar do volume aparente, o consumo nessa faixa etária é perigoso, pois o cérebro ainda está em formação. Os dados revelam que o consumo médio por ocasião é de 3,7 doses, mas muitos jovens relatam quantidades maiores.
Variações Regionais e Fatores Contribuintes
O estudo identifica diferenças significativas no consumo de álcool entre as regiões do Brasil. O Sul e o Centro-Oeste apresentam as maiores taxas de consumo (36,7% e 32,9%, respectivamente), enquanto o Norte e Nordeste registram as menores (19,5% e 22%, respectivamente). Essas variações são influenciadas por fatores culturais, acesso facilitado à bebida e falhas na fiscalização.
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Regiões com maior oferta e menor controle tendem a apresentar maiores taxas de consumo entre jovens.
Acesso e Influência da Indústria
Um dos principais desafios é o acesso facilitado ao álcool, mesmo com a legislação proibindo a venda a menores de idade. Bares, restaurantes, supermercados e lojas de conveniência frequentemente não seguem a exigência da lei. A Organização Mundial da Saúde alerta que o consumo precoce de álcool é influenciado pela facilidade de acesso, preços baixos e normas permissivas.
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No Brasil, esses fatores atuam a favor do consumo.
Necessidade de Mudança Cultural e Ações Coletivas
O consumo de álcool em festas e eventos, muitas vezes reforçado por campanhas de marketing que associam o consumo à liberdade e ao sucesso, contribui para a normalização do hábito entre os jovens. O problema é de natureza coletiva, envolvendo o Estado, a indústria e a mídia. Para reverter essa situação, são necessárias informação, fiscalização e mudança cultural.
Estratégias para Combater o Problema
O estudo propõe medidas como o cumprimento da lei que proíbe a venda a menores, o aumento da fiscalização, a restrição da publicidade e o aumento do preço de bebidas alcoólicas. A recente aprovação de uma taxação sobre produtos como bebidas alcoólicas é um avanço, mas é fundamental que seja acompanhada de políticas educativas permanentes e ações de fiscalização. Além disso, é essencial identificar e apoiar jovens em risco, utilizando ferramentas simples para detectar padrões perigosos de consumo.
Beber na adolescência não é brincadeira. É um comportamento com consequências reais e duradouras. O consumo de álcool na adolescência reflete um ambiente social permissivo e falhas na regulação. Compreender esses mecanismos é essencial para orientar políticas baseadas em evidências.
