Novo mapa revela expansão de grupos armados na Região Metropolitana do Rio. Estudo do GENI/UFF aponta 4 milhões de moradores em áreas de influência
Uma nova edição do Mapa Histórico dos Grupos Armados na Região Metropolitana do Rio de Janeiro foi divulgada nesta quarta-feira (4). O levantamento, elaborado pelo GENI/UFF em parceria com o Instituto Fogo Cruzado, apresenta um retrato atualizado da organização do crime na metrópole.
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A pesquisa estima que, em 2024, aproximadamente 4 milhões de moradores, ou cerca de um terço da população metropolitana, residiam em áreas sob influência de grupos armados.
O estudo distingue duas formas de atuação: controle, caracterizado pela extração sistemática de recursos, imposição de normas e uso da força; e influência, que se manifesta de maneira parcial ou intermitente. Em 2024, 29,7% da população vivia em áreas sob controle direto, enquanto 5,3% estavam em zonas de influência.
A análise revela dois períodos distintos. Entre 2016 e 2020, houve uma expansão significativa do domínio armado, coincidindo com a crise fiscal do estado e o enfraquecimento das UPPs. A partir de 2020, o estudo registra uma retração moderada, influenciada pela perda de territórios pelas milícias devido a operações e à perda de apoio.
Apesar disso, a presença dos grupos armados permanece elevada em extensão territorial.
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O mapa demonstra que o Comando Vermelho detém o maior número de moradores sob seu controle, enquanto o crescimento de facções, especialmente a partir de 2018, se destaca. Por outro lado, o Comando Vermelho apresenta uma retração contínua. As dinâmicas de expansão incluem a colonização, em áreas ainda não dominadas, e a conquista, que envolve a substituição de um grupo por outro em territórios densamente povoados.
A distribuição do domínio armado varia conforme a região. No Leste Fluminense, o Comando Vermelho predomina, enquanto a Baixada Fluminense apresenta uma forte disputa entre milícias e facções. No município do Rio, 42,4% da população vive sob controle ou influência de grupos armados, com predominância miliciana na zona Oeste e maior presença de facções na zona Sul, Centro e parte da zona Norte.
A análise também relaciona os dados a marcadores sociais, como a renda média per capita e a proporção de moradores não brancos.
A edição 2025 do mapa reforça que o domínio armado se integra à dinâmica urbana e acompanha variações no funcionamento das instituições e nos mercados locais. Os pesquisadores enfatizam que a compreensão dessa estrutura exige uma análise que vá além das ações de segurança pública, abrangendo políticas de urbanização, redução de desigualdades e fortalecimento de serviços estatais.
O governo do Rio de Janeiro foi contatado pela CNN Brasil para comentar a situação e aguarda retorno.
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