Infância em Transformação: Desafios e Recomendações para uma Nova Geração
O mundo contemporâneo, marcado pela internet, redes sociais e a proliferação de dispositivos móveis, também tem impactado a infância. Em uma era hiperconectada, o contato com a natureza, brincadeiras ao ar livre e o tempo longe das telas têm se tornado cada vez mais valorizados como prescrições médicas. Renata Aniceto, pediatra com 29 anos de experiência no Departamento Científico de Pediatria Ambulatorial da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), ressalta a importância do convívio familiar e de atividades lúdicas para o desenvolvimento infantil.
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A Desconexão Digital e seus Impactos
Renata Aniceto destaca uma mudança comportamental significativa, impulsionada pela entrada das telas no cotidiano familiar. A desconexão entre pais e filhos, agravada pelo tempo excessivo em dispositivos eletrônicos, tem gerado alterações comportamentais e emocionais. A pediatra observa um aumento de casos de ansiedade e depressão em crianças, condições que nem sempre eram comuns na formação de profissionais da área. A exposição prolongada a telas pode prejudicar o desenvolvimento cognitivo, afetando habilidades como foco, atenção, memória e resolução de problemas. Além disso, o sedentarismo associado ao uso excessivo de telas aumenta o risco de obesidade.
Recomendações para o Tempo de Tela
Em 2023, a Sociedade Brasileira de Pediatria atualizou as orientações sobre o tempo de tela adequado para cada faixa etária. As recomendações incluem: sem telas para crianças de 0 a 2 anos; até uma hora por dia para crianças de 2 a 5 anos, com supervisão dos pais; de uma a duas horas por dia, no máximo, para crianças de 6 a 10 anos, sempre com supervisão; e de duas a três horas por dia para adolescentes entre 11 e 18 anos, evitando o uso noturno.
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O Papel da Leitura e da Interação Social
Lia Jamra, diretora executiva da ONG Vaga Lume, que atua na Amazônia Legal há 25 anos, enfatiza a importância do incentivo à leitura como contraposição ao uso excessivo de telas. A leitura, segundo Jamra, traz um impacto socioemocional significativo na formação da criança, influenciando a visão de mundo, a capacidade de sonhar e o desenvolvimento do repertório. Em comunidades como a Amazônia, a rotina infantil inclui brincadeiras ao ar livre, como mergulhos em rios, que contribuem para a saúde e o bem-estar.
Sono e Diálogo
Angela Uchoa Branco, professora da Universidade de Brasília, ressalta a importância do sono de qualidade para o desenvolvimento infantil, destacando que as telas podem interferir no processo de indução do sono. Renata Aniceto também enfatiza que o sono não é apenas um período de descanso, mas um momento crucial para a consolidação do aprendizado e a produção de hormônios importantes, como o hormônio do crescimento. Além disso, a pediatra destaca a importância do diálogo respeitoso e da definição de limites, promovendo uma educação que fortaleça a autoestima da criança, sem recorrer a punições físicas.
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Alimentação Saudável
A introdução alimentar, a partir dos 6 meses de idade, é um momento fundamental na formação dos hábitos alimentares da criança, segundo Diana Barbosa Cunha, do Instituto de Medicina Social da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj). Cunha ressalta a importância de uma alimentação equilibrada, baseada em alimentos minimamente processados, como cereais, leguminosas e frutas, e a restrição ao consumo de ultraprocessados. Incentivar a autonomia da criança na escolha de alimentos saudáveis, como levá-la à feira, também é uma prática recomendada.
Com informações da Agência Brasil.
Conclusão
Em um mundo cada vez mais digital, o retorno à brincadeira, à natureza e ao convívio familiar se torna essencial para o desenvolvimento saudável da infância. As recomendações de tempo de tela, o incentivo à leitura e a promoção de um diálogo respeitoso são ferramentas importantes para garantir que as novas gerações cresçam com saúde, bem-estar e capacidade de aprendizado.
