Mãe Carmen de Oxaguiã, ícone da cultura e espiritualidade baiana, falece aos 98 anos. Ialorixá e figura central do Candomblé, deixa um legado de sabedoria
Salvador (BA) – A comunidade religiosa e cultural brasileira perdeu uma de suas figuras mais emblemáticas com o falecimento de Carmen Oliveira da Silva, conhecida como Mãe Carmen de Oxaguiã. A ialorixá, que dedicou sua vida à espiritualidade e à preservação das tradições afro-brasileiras, faleceu nesta sexta-feira, 26 de dezembro de 2025, aos 98 anos, no Hospital Português, em Salvador.
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Sua partida, ocorrida em um dia consagrado a Oxalá, orixá da criação e da paz, marcou o fim de uma trajetória que se entrelaçou com a história e a cultura da Bahia e do Brasil.
Nascida em 29 de dezembro de 1926, em Salvador, Carmen foi filha da renomada Mãe Menininha do Gantois, uma das mais importantes figuras do Candomblé. Iniciada na religião aos 7 anos, ela seguiu os passos da mãe e da irmã, a Mãe Cleusa de Nanã, que liderou o Terreiro do Gantois desde 1986.
A ialorixá dedicou sua vida à transmissão de conhecimentos e à manutenção das tradições ancestrais, consolidando o Terreiro do Gantois como um espaço de encontro entre o sagrado e a cultura brasileira.
O Terreiro do Gantois, fundado em 1949 pela africana Maria Júlia da Conceição Nazareth, se tornou um ponto de referência na Bahia e no Brasil. A casa, localizada na Rua Mãe Menininha do Gantois, no bairro da Federação, em Salvador, é tombada como Patrimônio Histórico e Etnográfico do Brasil pelo Iphan e considerada Área de Proteção Cultural e Paisagística pela Prefeitura de Salvador.
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O espaço atraiu personalidades de diversas áreas, como artistas, políticos, atletas e intelectuais, incluindo Vinicius de Moraes, Maria Bethânia, Caetano Veloso, Gilberto Gil, Pelé, e muitos outros. A canção “A beleza do mundo, hein? Tá no Gantois”, de Dorival Caymmi, eternizou o nome do terreiro na cultura popular brasileira.
Carmen Oliveira da Silva recebeu diversas homenagens ao longo de sua vida, incluindo a Medalha dos 5 Continentes ou da Diversidade Cultural, entregue pela Unesco em 2010, e a Comenda Maria Quitéria, concedida pela Câmara Municipal de Salvador em 2023.
Sua morte gerou condolências de figuras importantes como o presidente Lula, Margareth Menezes, Jerônimo Rodrigues e Caetano Veloso, que prestaram homenagens à ialorixá e reconheceram seu legado na cultura e na espiritualidade brasileira. A trajetória de Mãe Carmen de Oxaguiã permanece como um exemplo de fé, sabedoria e compromisso com a cultura afro-brasileira.
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