Lula e Trump se enfrentam sobre Venezuela em meio a tarifaço

Presidente do Brasil critica escalada militar dos EUA contra Maduro e diz que “nenhum chefe de Estado deve dar palpite” sobre o país.

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(Imagem de reprodução da internet).

A escalada de tensões entre Brasil e Estados Unidos, impulsionada pela crise na Venezuela, representa um obstáculo nas negociações para o fim das sanções e sobretaxas impostas por Washington a produtos brasileiros. Em seu discurso no Congresso do PCdoB, em Brasília, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) defendeu a autodeterminação do povo venezuelano, criticando interferências externas no país vizinho. Lula enfatizou que nenhum chefe de Estado deve determinar o futuro da Venezuela ou Cuba.

A fala ocorre em um contexto de aumento da presença militar dos Estados Unidos na região do Caribe. O governo Trump confirmou a autorização da CIA para realizar operações secretas na Venezuela, com o objetivo de derrubar o presidente Nicolás Maduro, conforme acusado pela Casa Branca devido a ligações com o narcotráfico. Washington também deslocou navios de guerra para a costa venezuelana e intensificou ataques contra embarcações suspeitas de envolvimento no tráfico de drogas.

Caracas respondeu colocando tropas em alerta e convocando civis para treinamentos militares. Maduro declarou que “não deseja uma guerra no Caribe ou na América do Sul” e acusou Trump de tentar provocar uma mudança de regime para se apropriar do petróleo venezuelano.

O governo brasileiro observa o agravamento da crise como uma ameaça ao diálogo bilateral sobre tarifas e sanções. Auxiliares do Planalto planejam argumentar, em um encontro com Trump, que qualquer ação militar na Venezuela desestabilizaria toda a região e fortaleceria o crime organizado.

O chanceler Mauro Vieira classificou como “ótima e produtiva” a reunião com o secretário de Estado americano, Marco Rubio. Segundo ele, as conversas foram construtivas e mantiveram o “espírito de cooperação” demonstrado na recente ligação entre Lula e Trump. O Itamaraty reiterou a posição contrária do Brasil a intervenções militares e defendeu uma “saída diplomática” para a crise venezuelana.

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O governo brasileiro espera que Lula e Trump se encontrem até o fim do ano para tentar avançar na normalização das relações comerciais. Há a possibilidade de que a reunião ocorra na Malásia, durante o encontro da Associação de Nações do Sudeste Asiático (Asean), nos dias 26 e 27 de outubro, ou na Cúpula das Américas, em dezembro, na República Dominicana.

A reaproximação entre os dois países ocorreu após um gesto de Trump a Lula durante a Assembleia-Geral da ONU, em Nova York, no final de setembro. Em seu discurso, o presidente americano revelou ter conversado brevemente com o brasileiro e sentido uma “química entre os dois”, além de elogiar o petista. Após isso, Lula amenizou o tom contra os Estados Unidos e mencionou, de forma descontraída, que havia “pintado uma indústria petroquímica”.

A crise na Venezuela continua sendo um ponto de atrito entre os dois presidentes, testando a reaproximação diplomática entre Brasília e Washington. A situação exige uma abordagem cuidadosa para evitar que a instabilidade regional se intensifique.

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