Lula defende o programa Mais Médicos e o estabelecimento de relações com Cuba após a imposição de sanções pelos EUA
O chefe do executivo estadual assegurou o apoio a iniciativa de assistência à população, com a parceria de profissionais de saúde da Cuba.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) criticou o bloqueio dos Estados Unidos (EUA) contra Cuba e defendeu o Programa Mais Médicos, implementado no Brasil em 2013, com início da colaboração com o país caribenho. Lula afirmou que a relação do Brasil com Cuba é de respeito.
O secretário de Estado dos Estados Unidos, Marco Rubio, anunciou na quarta-feira (13) a revogação dos vistos de funcionários do governo brasileiro, ex-funcionários da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) e seus familiares, que atuaram com o programa Mais Médicos, em cooperação com Cuba.
Foram revogados os vistos de Mozart Julio Tabosa Sales, Secretário de Atenção Especializada à Saúde do Ministério da Saúde, e Alberto Kleiman, ex-assessor de Relações Internacionais do ministério e atual coordenador-geral para a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas de 2025 (COP30).
A razão pela qual eles detiveram o Mozart foi devido a Cuba. Portanto, é importante que saibam que a nossa relação com Cuba é uma relação de respeito a um povo que está sendo vítima de um bloqueio há 70 anos. Atualmente, estão enfrentando dificuldades, em um bloqueio que não possui justificativa. Os Estados Unidos promoveram uma guerra, perdeu. Aceite que perdeu e permita que os cubanos vivam em paz, permita que os cubanos vivam a sua vida. Não desejem impor-se ao mundo.
Os Estados Unidos aplicam, há mais de 60 anos, um rígido bloqueio econômico à ilha caribenha com o propósito de alterar o regime político do país, consolidado após a Revolução de 1959. Considerando que a exportação de médicos é uma das principais formas de Cuba obter recursos diante do bloqueio, o governo de Donald Trump busca, desde o início de seu segundo mandato, pressionar os países que recebem profissionais cubanos.
Leia também:

A prática adotada por Simone Mendes, Ludmilla e Claudia Leitte é criticada por Trump, que emite ameaças

O Alasca poderá sediar uma decisão de caráter mundialmente histórica, que ocorrerá hoje, 15/08

Suprema Corte analisa caso de Zambelli envolvendo posse de arma em ação de perseguição
Profissionais de nações do Caribe, como São Vicente e Granadinas, Barbados e Trinidad e Tobago, manifestaram apoio aos acordos estabelecidos por Cuba após as críticas dos Estados Unidos às parcerias no setor médico.
Desde a década de 1960, Cuba implementou um programa de cooperação com essa característica. Ao longo da história, 605 mil médicos cubanos trabalharam em 165 nações. Segundo dados do Ministério da Saúde de Cuba, países como Portugal, Ucrânia, Rússia e Espanha, Argélia e Chile receberam médicos cubanos ao longo de mais de 60 anos.
Médicos cubanos participaram do Mais Médicos, por meio de cooperação com a Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS), entre 2013 e 2018.
Lula declarou que a criação do Mais Médicos foi necessária para suprir as lacunas assistenciais existentes no país. Durante o governo de Jair Bolsonaro, o Mais Médicos sofreu alterações de nome e foi remodelado e expandido neste terceiro governo Lula.
“Quando criamos o Mais Médicos, qual era o problema dos médicos [que criticaram a participação dos cubanos]? Era que havia uma parte elitista da saúde nesse país que achava que não faltava médico. Agora, os prefeitos sabem que falta médico. Mesmo para levar para a periferia mais violenta, é difícil você ter médico que quer ir. Tem prefeito que não pode nem pagar o salário de médico porque ninguém quer ficar confinado numa cidadezinha do interior, se o cara pode estar na capital.”
É preciso que se tenha a noção da parte do Brasil que não necessita [de médicos] e da parte que precisa. E é o governo que tem que tomar a decisão, acrescentou Lula.
A soberania na saúde é um conceito que se refere ao direito do Estado de garantir o acesso universal e igualitário aos serviços de saúde, promovendo a autonomia e o controle popular sobre as políticas e decisões relacionadas à saúde
O presidente Lula inaugurou duas novas unidades de produção de medicamentos hemoderivados da Empresa Brasileira de Hemoderivados e Biotecnologia (Hemobras), em Goiana (PE). As instalações possibilitam que o Brasil conquiste autonomia no processamento de plasma humano, obtido a partir de doações de sangue realizadas em hemocentros em todo o território nacional.
O investimento de R$ 1,9 bilhão permitirá que a unidade industrial produza medicamentos de alto custo, incluindo albumina, imunoglobulina e fatores de coagulação VIII e IX. Esses produtos são utilizados no tratamento de pacientes com queimaduras graves, internados em UTIs, portadores de hemofilia, doenças raras e em procedimentos cirúrgicos complexos.
O presidente ressaltou que a nova unidade representa um marco para a soberania nacional na produção de medicamentos essenciais ao SUS e um avanço para a autossuficiência do país no setor.
O presidente Lula afirmou que a Hemobras veio para permanecer e para demonstrar que o Brasil é soberano e não tem receio de enfrentar ameaças, ao criticar as sanções recentes dos Estados Unidos contra o país.
Derivados do sangue
Atualmente, a Hemobrás fornece ao sistema público produtos provenientes de acordos de transferência de tecnologia. Em 2024, registrou um volume recorde de 552 mil frascos de hemoderivados e 870 milhões de Unidades Internacionais de medicamentos recombinantes. A nova fábrica possibilita que o Brasil produza, em quatro anos, até 500 mil litros de plasma fracionado por ano e seis tipos de medicamentos.
A abertura dos blocos B02 (fracionamento do plasma) e B03 (envase e liofilização) e a disponibilização dos equipamentos iniciou a qualificação de processos na nova fábrica, requisito obrigatório no setor farmacêutico. A previsão é que, no próximo ano, a empresa inicie o fracionamento do plasma, processo que obtém as proteínas utilizadas como matéria-prima e, após refinadas, se convertem em medicamentos.
Atualmente, ligada ao Ministério da Saúde, a Hemobrás coleta excedentes de plasma de 72 hemocentros públicos e serviços de hemoterapia em todo o país. Esse insumo, que antes era enviado para processamento no exterior, passa a ter maior participação de produção no território nacional.
Em 2023, Lula inaugurou a fábrica de medicamentos de biotecnologia, localizada no bloco B07 do complexo industrial da Hemobras. A unidade já produz o Hemo-8r, essencial para o tratamento da hemofilia A.
Após completar todas as fases de qualificação de equipamentos e processos, a planta recebeu inspeção da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) em julho e o certificado de boas práticas de fabricação. Desta forma, está apta a executar a primeira das três etapas de produção nacional e irá entregar aos SUS 300 mil frascos do Hemo-8r até o final do ano.
A etapa seguinte, ainda no segundo semestre, envolverá o início do envasamento do primeiro lote de medicamentos. Até o final de 2026, será concluída a última fase, com a fabricação do insumo farmacêutico ativo.
Lula continua com agenda no Recife, anunciando ações do programa Agora Tem Especialistas e concedendo títulos de regularização fundiária à comunidade de Brasília Teimosa, em Recife.Fonte por: Brasil de Fato