Lula acusa os EUA de “extorsão tarifária” e pede que o BRICS reformule o sistema de comércio global

O Brasil reunirá os países do BRICS para condenar as sanções econômicas e defender uma nova ordem comercial impulsionada pelo Sul Global.

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(Imagem de reprodução da internet).

O presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva acusou, na segunda-feira (8), durante um encontro virtual com líderes do BRICS, os Estados Unidos de utilizar extorsão tarifária injustificada e ilegal para pressionar países em desenvolvimento e interferir em suas questões internas.

A cúpula de emergência, organizada por Lula, reuniu chefes de estado e representantes de alto escalão do bloco Brics expandido, incluindo China, Rússia, África do Sul, Irã, Egito, Indonésia, Emirados Árabes Unidos, Índia e Etiópia. A videoconferência de 90 minutos abordou as crescentes preocupações sobre coerção econômica por parte de potências ocidentais, em especial o ressurgimento de políticas protecionistas sob a administração Trump.

Lula: “O assédio tarifário está sendo normalizado.”

Durante seu discurso, Lula condenou o que chamou de normalização de práticas comerciais coercitivas. “O assédio tarifário está sendo usado como instrumento para conquistar mercados e interferir em assuntos internos”, declarou. Ele também criticou o alcance extraterritorial de sanções, que ele alega ameaçar a soberania dos países do BRICS.

As sanções secundárias limitam nossa liberdade para estabelecer comércio com países amigos. Essas medidas colocam nossas instituições em risco, argumentou o presidente brasileiro.

Lula ressaltou que a integração econômica entre os países do BRICS oferece uma alternativa “segura” para atenuar os efeitos do protecionismo global. Ele observou que o bloco responde por 40% do Produto Interno Bruto mundial, 26% do comércio internacional e quase metade da população mundial, criando um terreno fértil para um novo paradigma de desenvolvimento liderado pelo Sul Global.

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O Brasil tem a legitimidade de liderar uma reforma do sistema de comércio multilateral, com regras modernas e flexíveis adaptadas às nossas necessidades de desenvolvimento, afirmou Lula. Ele também rejeitou a ideia de uma nova Guerra Fria, afirmando que o Sul Global é capaz de propor modelos alternativos de cooperação e crescimento.

Irã convoca por uma frente comum do BRICS contra sanções.

O presidente iraniano Masoud Pezeshkian apoiou as declarações de Lula e propôs que os países do BRICS formem uma estratégia unificada para combater as sanções ocidentais.

Essas medidas não apenas prejudicam os interesses nacionais de países independentes, mas também interrompem a cooperação global e dificultam o desenvolvimento sustentável, afirmou Pezeshkian.

O presidente chinês Xi Jinping reiterou o chamado de Lula ao multilateralismo e condenou o aumento do unilateralismo e do nacionalismo econômico. Em suas declarações, Xi criticou o comportamento hegemônico de grandes potências e defendeu uma cooperação Sul-Sul mais forte como pilar da estabilidade global.

A assessoria de imprensa do Kremlin confirmou que o presidente Vladimir Putin também participou do encontro, discutindo a cooperação econômica e financeira no bloco. Embora não tenham sido detalhadas as declarações específicas de Putin, o governo russo afirmou que os líderes abordaram investimentos, comércio e cooperação de desenvolvimento em meio à instabilidade econômica global.

O Bloco Econômico das Nações da Bacia do Atlântico (BRICS) expande sua atuação e assume uma nova liderança.

Esta cúpula marca uma nova fase de coordenação do BRICS, após sua expansão em 2023, quando seis novos países – Argentina (que posteriormente se retirou), Egito, Etiópia, Irã, Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos – foram convidados a aderir. O bloco agora representa uma alternativa significativa às instituições dominadas pelo Ocidente, como o G7 e a Organização Mundial do Comércio.

A fala de Lula sobre a necessidade de uma ordem global comercial reformada reforça a postura diplomática renovada do Brasil em fóruns multilaterais e seus esforços para construir alianças estratégicas no Sul Global.

Fonte por: Brasil de Fato

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