Em um evento realizado neste sábado (20), durante a Cúpula de Chefes de Estado do Mercosul, em Foz do Iguaçu (PR), o presidente Luiz Inácio da Silva apresentou uma postura firme ao discutir os desafios nas negociações com a União Europeia e a importância da estabilidade democrática na América do Sul.
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O líder brasileiro enfatizou a necessidade de integração física e política do bloco, considerando a recente ampliação com a adesão da Bolívia e a associação do Panamá.
O pronunciamento ocorreu em um momento significativo, marcando os 40 anos da Declaração do Iguaçu, documento fundamental para a criação do bloco econômico. O presidente utilizou a analogia de construção de pontes para contrastar o cenário global de divisão e fragmentação.
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Desafios nas Negociações Econômicas
Um ponto central da agenda econômica foi a estagnação do acordo de livre comércio entre o Mercosul e a União Europeia, que tramita há 26 anos. O presidente foi direto ao atribuir a indecisão do bloco europeu ao atraso na assinatura, mencionando o protecionismo agrícola como um obstáculo.
“É imprescindível que haja vontade política e coragem dos líderes para concluir uma negociação que já se arrasta há tanto tempo”, declarou o presidente.
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Estratégias de Diversificação Comercial
Apesar do impasse com a Europa, o presidente informou ter recebido cartas de líderes europeus expressando a expectativa de aprovação do acordo em janeiro de 2026. Enquanto o acordo não for finalizado, o presidente ressaltou a estratégia de diversificação comercial do Mercosul, mencionando avanços em tratativas com a Associação Europeia de Livre Comércio (EFTA), Índia, Emirados Árabes Unidos e Vietnã.
O comércio externo do bloco já ultrapassou US$ 630 bilhões nos primeiros dez meses de 2025.
Segurança Regional e Cooperação Sul-Americana
No âmbito geopolítico, o presidente brasileiro apresentou alertas sobre a segurança regional. Sem mencionar nomes específicos, o presidente classificou como uma “catástrofe humanitária” qualquer possibilidade de intervenção armada em países da região, alertando para o risco de ações militares de potências externas no continente.
Internamente, o mandatário reforçou a força das instituições brasileiras após os eventos de 8 de janeiro de 2023, afirmando que o país “resolveu questões do passado”.
Diante do aumento da criminalidade transnacional, o presidente propôs, em conjunto com o Uruguai, a realização de uma reunião de ministros da Justiça e de Segurança Pública do Mercosul. O objetivo é estabelecer uma estratégia sul-americana unificada para combater o crime organizado, focada na restrição financeira de atividades ilícitas e na troca de informações de inteligência.
Pauta Social e Direitos Humanos
A agenda social também foi abordada. O presidente lembrou que a América Latina é a região mais perigosa para mulheres, e propôs ao Paraguai — que assume a presidência rotativa do bloco — a criação de um pacto do Mercosul para erradicar o feminicídio.
O presidente também anunciou o envio de um acordo ao Congresso para ampliar as medidas de proteção às mulheres em todos os países do bloco.
Ao concluir sua fala, o presidente recordou os 50 anos da “Operação Condor”, articulação entre ditaduras do Cone Sul para perseguir opositores, utilizando a memória histórica para fortalecer a democracia atual.
“Quando regimes autoritários se uniram para perseguir seus cidadãos, cabe aos governos democraticamente eleitos trabalhar juntos para garantir uma vida melhor para todos”, concluiu.
