Lucro elevado das distribuidoras dificulta a diminuição dos preços da gasolina
A margem de revenda aumentou em R$ 0,33 por litro a partir de janeiro, conforme dados do Ineep.

Com os preços internacionais do petróleo em declínio e o custo médio da gasolina nas refinarias reduzido, o consumidor brasileiro ainda enfrenta valores elevados no abastecimento. O Boletim de Preços dos Combustíveis nº 28, produzido pelo Instituto de Estudos Estratégicos de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (Ineep), aponta que as margens de lucro das distribuidoras e revendedoras permanecem em ascensão, impedindo a transferência das quedas aos consumidores finais.
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Entre janeiro e agosto deste ano, a margem bruta das empresas de distribuição e revenda da gasolina subiu de 15,5% para 20,9%. Esse aumento correspondeu a um acréscimo de R$ 0,33 por litro, elevando-se de R$ 0,96 para R$ 1,29. Paralelamente, o custo médio da gasolina nas refinarias diminuiu de R$ 2,30 para R$ 1,80, diminuindo sua influência no preço final de 37,1% para 29,17%.
A análise das margens sugere uma transferência restrita dos ganhos decorrentes da redução do preço do petróleo para o consumidor. A Petrobras reduz os valores nas refinarias, porém isso não se traduz em economia para a população. Segundo o pesquisador do Ineep Iago Montalvão, o crescimento das margens de lucro não está relacionado a questões logísticas ou operacionais, mas sim à estratégia das distribuidoras de manter e ampliar seus lucros.
Apesar de algumas diminuições nos preços das refinarias, essas não têm repercutido no consumidor final. É possível concluir que as distribuidoras estão aproveitando a redução dos custos nas refinarias para aumentar sua margem de lucro, segundo o pesquisador. Ele observa que o movimento ocorre mesmo sem alterações significativas nos custos de transporte ou infraestrutura.
O padrão se repete tanto no diesel quanto no gás de cozinha. No diesel, a margem bruta aumentou ligeiramente, de R$ 0,89 para R$ 0,91 por litro, de janeiro a agosto. No gás liquefeito de petróleo (GLP), o aumento é mais significativo: quase metade do preço do botijão de 13 kg reflete a margem das distribuidoras.
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A avaliação de Montalvão aponta que não ocorreram mudanças significativas que demandassem um incremento nos custos logísticos. As distribuidoras estão, na prática, aproveitando a redução nos preços nas refinarias para expandir seus ganhos.
Preço do gás permanece alto após privatização.
A análise do Ineep aponta para um impacto duradouro da privatização do setor. Após a venda da Liquigas, em 2020, houve um aumento nos custos de distribuição e revenda do GLP. Em janeiro de 2021, essa margem atingiu 37,1% do preço final, e atualmente é de 49,3%. O preço médio nacional do botijão subiu de R$ 77,78 para R$ 107,89 nesse período.
Considerando este contexto, o boletim avalia a decisão mais recente do conselho de administração da Petrobras de retomar a atividade no segmento de distribuição de gás de cozinha, que foi interrompida com a venda da subsidiária há cinco anos.
O Boletim de Preços dos Combustíveis do Ineep é divulgado mensalmente e examina a evolução dos preços da gasolina, diesel, etanol e GLP, utilizando informações da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP). A versão de setembro apresenta os dados referentes a agosto de 2025.
Fonte por: Brasil de Fato