Luciano Moreira e equipe recebem destaque na revista Nature com projeto inovador no controle de arboviroses no Brasil. Técnica com Wolbachia reduz casos de dengue, zika e chikungunya
O entomologista e engenheiro agrônomo Luciano Moreira e sua equipe receberam um reconhecimento significativo em 2025, sendo incluídos na lista “Nature’s 10”, que destaca os cientistas mais influentes do mundo. Essa premiação ressalta a liderança de Moreira em um projeto inovador focado no controle de arboviroses no Brasil.
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Desde a década de 1990, Moreira tem dedicado esforços ao desenvolvimento de métodos alternativos para combater o Aedes aegypti, o principal vetor da dengue, zika e chikungunya. A principal inovação reside na criação de mosquitos infectados com a bactéria Wolbachia, que comprovadamente reduz drasticamente a transmissão dos vírus associados.
O reconhecimento da revista Nature não apenas celebra o avanço científico, mas também a capacidade de Moreira de transformar a inovação em políticas públicas. A técnica desenvolvida foi adotada por diversas cidades brasileiras e incorporada à estratégia nacional de saúde pública.
Essa transição demonstra a relevância do trabalho de Moreira.
Inicialmente, a produção dos mosquitos infectados com Wolbachia ocorria em laboratórios de forma manual. Atualmente, o processo foi industrializado, com a Wolbito do Brasil operando uma fábrica em Curitiba. A unidade possui capacidade para produzir até 5 bilhões de mosquitos por ano, abastecendo estados como Santa Catarina.
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Essa escala de produção representa um avanço significativo.
Dados de Niterói, uma das primeiras cidades a adotar a tecnologia, indicam uma redução de 89% nos casos de dengue. Em 2024, foram registrados apenas 46 casos prováveis no município, em comparação com mais de 20 mil no Rio de Janeiro. A Wolbachia não apresenta risco para humanos nem se dissemina no ambiente, sendo naturalmente presente em cerca de 60% dos insetos do planeta.
O método se encaixa em um modelo integrado de controle, que inclui a eliminação de criadouros, vigilância entomológica e o uso racional de inseticidas, complementado pelo uso da vacina contra a dengue.
Atualmente, o método está em avaliação por meio de um ensaio clínico randomizado em Belo Horizonte, com a participação da UFMG e universidades dos EUA, e financiamento do NIH (Institutos Nacionais de Saúde dos Estados Unidos). A equipe da Wolbito, que conta com 75 profissionais e envolve Fiocruz, IBMP e o World Mosquito Program, busca ampliar a cobertura e consolidar o Brasil como referência global no combate às arboviroses.
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