Lindsay Levin destaca sucesso da COP30, que vai além de números, focando em coalizões e impacto real na vida das pessoas. A conferência, em Belém, gerou investimentos e revitalização de espaços culturais, como o Museu das Amazônias. A presidência brasileira atuou com inteligência, facilitando debates e abrindo caminho para um roteiro até 2026
A Conferência das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP30) alcançou um sucesso notável, mesmo dentro de um processo inerentemente complexo e imperfeito. Para Lindsay Levin, fundadora da iniciativa global TED Countdown e cocriadora do TED Countdown House, esse sucesso vai muito além da “matemática dura” das negociações.
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A COP30, segundo ela, é sobre o momento político que ela cria, as coalizões que formam e como aproxima a crise climática da vida real das pessoas.
Antes de se dedicar ao clima, Lindsay passou décadas construindo pontes em sua liderança de impacto. Em 2001, fundou o Leaders’ Quest, uma empresa dedicada a conectar executivos, ativistas e agentes públicos em viagens imersivas pelo mundo. “Viajar abriu meus olhos.
Você vê como as pessoas realmente vivem, o que enfrentam, e entende a conexão entre desigualdade e clima de uma forma muito concreta”, contou. Essa experiência a levou a perceber que a pauta climática precisava “ser de deixar de ser uma abstração” e a inspirou a construir sua visão atual: transformações só acontecem quando política, cultura e pessoas se encontram.
Belém, com sua localização estratégica e a importância da Amazônia, se tornou o palco ideal para a COP30. A cidade recebeu investimentos significativos para a criação de espaços culturais e de infraestrutura, que se tornaram legados da conferência.
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O Museu das Amazônias, a Estação das Docas, o Porto Futuro e a Avenida Duque de Caxias foram reformados e revitalizados, oferecendo novas oportunidades de interação e aprendizado. O Mercado de São Brás e o Ver-o-Peso também foram importantes pontos de encontro e de divulgação da cultura local.
A presidência brasileira da COP30 entendeu o “jogo fino” por trás das negociações e atuou com sutileza e inteligência, separando debates de maior tensão, como os relacionados aos combustíveis fósseis, e criando espaço para avançar onde havia consenso.
Isso ajudou a manter países estratégicos na mesa. A COP30 deu o pontapé inicial para que um roteiro seja trabalhado pelos países e será um dos grandes esforços do Brasil até o fim do mandato em novembro de 2026. A visão de Lindsay é que, mesmo com as limitações estruturais do processo, a COP30 representou uma virada política na agenda climática, pois muitos países reconheceram que não dá mais para adiar decisões difíceis.
A experiência amazônica, com sua energia e protagonismo dos povos indígenas e jovens ativistas, moldou a avaliação da executiva. “Se não trouermos quem vive a crise para o centro da conversa, não há futuro possível”, afirmou. O Countdown, lançado em 2020, atua justamente nessa convergência entre ciência, arte, comunicação e ação concreta em frentes como energia, transporte, alimentação, natureza e finanças, com uma lógica prática: acelerar soluções que já funcionam mundo afora.
A ansiedade por resultados que colocam em xeque o futuro do planeta é legítima — e compartilhada por ela, mas no fim do dia, Lindsay lembra: “O Brasil entregou o que era alcançável e fez o que era possível em um contexto geopolítico complexo e desafiador”.
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