O rapper americano, conhecido atualmente como Ye, tem um show agendado para o dia 29 de setembro em São Paulo. No entanto, a organização do evento enfrenta um grande obstáculo: a definição do local, que ainda não foi estabelecida, com menos de duas semanas da data prevista.

A situação se agravou após a Prefeitura de São Paulo cancelar a locação do Autódromo de Interlagos, devido a alegações de apologia ao nazismo.

Cancelamento e Repercussão

Na sexta-feira, 8, a prefeitura, por meio de nota à Folha de S.Paulo, comunicou a decisão, justificando-a pela incompatibilidade com a postura do artista em relação a condutas criminosas de apologia ao nazismo e racismo. O prefeito Ricardo Nunes também se manifestou, declarando que “em equipamento público da prefeitura, ninguém que faça apologia ao nazismo vai tocar ou cantar nem uma palavra.”

A Holding Entretenimento & Networking, produtora responsável pelo evento, expressou surpresa com a decisão municipal. Guilherme Cavalcante, um dos sócios da produtora, criticou o descaso, destacando que a empresa havia pago um cachê de US$ 5 milhões (aproximadamente R$ 27 milhões) ao artista, e que a locação havia sido confirmada. “É um valor de cachê muito alto que foi pago.

Não tem como cancelar o show. Ele tem que acontecer,” afirmou.

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Controvérsias e Cancelamentos Anteriores

A situação não é inédita, pois Ye já teve contratos e apresentações canceladas anteriormente devido a outras polêmicas. Em maio deste ano, o cantor também teve um show cancelado na Coreia do Sul. Além disso, lançou uma música, “Heil Hittler”, que foi banida de plataformas digitais como YouTube, Spotify e Deezer.

Recentemente, Ye declarou ser um indivíduo “racista, nazista e gordofóbico”. Outra controvérsia envolveu a defesa que ele fez de seu amigo, o rapper Diddy, que está sendo julgado por acusações de estupro e tráfico humano.

Inquérito e Medidas Legais

O Ministério Público de São Paulo instaurou um inquérito civil contra Ye, por apologia ao nazismo na música “Heil Hitler”. A decisão prevê que, caso o artista cante ou divulgue músicas com alusão ao nazismo, será preso em flagrante e responderá a uma ação civil por danos morais.

“Não permitir que o cantor KANYE WEST — cujo nome artístico é ”YE” — no recinto do ou qualquer outro lugar no território brasileiro promova, cante, divulgue ao público música intitulada “Heil Hitler” ou qualquer outra música que faça alusão ao nazismo, utilize camiseta com suástica, símbolo ampla e historicamente associado ao nazismo ou qualquer outro símbolo nazista, dirigido ao público, em mídias sociais, ou qualquer outro veículo de comunicação ou exposição ao público,” diz o inquérito.

Alternativas e Vendas de Ingressos

Apesar dos obstáculos, a organização continua com a apresentação, já que o cachê foi pago. Os ingressos estão sendo vendidos no site oficial, a partir de R$ 600, e mais de 30 mil pessoas já os adquiriu. A produtora enviou um questionário aos fãs, buscando alternativas, como adiamento, mudança para um local menor, cancelamento com reembolso ou participação em um festival.

Foi também levantada a possibilidade de Ye se apresentar no Cena2k, um festival de rap que reunirá diversos artistas entre os dias 21 e 23 de novembro no estádio do Corinthians, com um dia exclusivo para o cantor americano. Tanto o festival quanto o show utilizam a mesma plataforma de venda de ingressos, a Q2.

Até o momento, não há confirmação de que o artista entrará para o line-up do festival.

A empresa afirma que está atuando para esclarecer e resolver a situação da “melhor forma possível” e que, em breve, novas informações serão divulgadas.