Estudo Fiocruz aponta altos índices de suicídio entre jovens no Brasil. Pesquisa revela risco elevado em população indígena e homens jovens.
Um novo estudo aponta para um cenário preocupante de saúde mental entre a população jovem do Brasil. A pesquisa, elaborada pela Agenda Jovem Fiocruz e pela Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio (EPSJV/Fiocruz), revela que o suicídio é um problema de saúde pública com taxas elevadas entre os jovens, especialmente entre a população indígena e homens jovens.
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O documento analisa dados de internações hospitalares, mortalidade e atendimentos na Atenção Primária à Saúde (APS) entre 2022 e 2024, utilizando informações do Sistema Único de Saúde (SUS) e do Censo 2022 do IBGE.
O estudo destaca que a população jovem apresenta o maior risco de suicídio, com uma taxa de 31,2 por 100 mil habitantes, superando a taxa geral da população, que é de 24,7 por 100 mil habitantes. Entre os homens jovens, o risco sobe para 36,8. No entanto, o problema é ainda mais grave entre os indígenas, com uma taxa de suicídios de 62,7, impulsionada por jovens homens na faixa dos 20 e 24 anos, que apresentam uma taxa de 107,9 por 100 mil habitantes.
As mulheres jovens indígenas também demonstram uma taxa de suicídio mais alta do que outras mulheres jovens.
A pesquisa identifica uma série de fatores que contribuem para o aumento do risco de suicídio entre a juventude. Questões culturais, o preconceito contra a população indígena, a demora no acesso a serviços de saúde e a pressão por ideais de masculinidade são apontados como elementos importantes.
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Além disso, a falta de oportunidades de trabalho, a instabilidade financeira e o abuso de substâncias psicoativas também desempenham um papel significativo. A violência física e sexual na adolescência, especialmente por familiares, é um fator de risco para as mulheres jovens, enquanto o uso de álcool e outras drogas é uma causa comum de internações entre os homens jovens.
A pesquisa também revela que apenas uma pequena parcela dos jovens que se internam por problemas de saúde mental recebe acompanhamento médico e psicológico após o período hospitalar. A principal causa de internações entre os homens jovens é o abuso de substâncias psicoativas, com múltiplos abusos de drogas sendo a causa mais comum (68,7%).
A depressão é a principal causa de internação das mulheres jovens. A juventude, em geral, apresenta altas taxas de internação por transtornos esquizofrênicos (31%) e abuso de drogas (32%), superando a média da população adulta.
O estudo ressalta a necessidade de políticas públicas específicas para a juventude, com foco na prevenção do suicídio, no acesso à saúde mental e no combate ao uso de substâncias psicoativas. A pesquisa também destaca a importância de abordar as causas sociais e culturais do problema, como a pressão por ideais de masculinidade e a falta de oportunidades.
A promoção da saúde mental e o fortalecimento das redes de apoio são considerados cruciais para garantir o bem-estar da população jovem.
A pesquisa enfatiza a importância de investir em serviços de saúde mental acessíveis e de qualidade, bem como em programas de prevenção do suicídio. A conscientização sobre a saúde mental e o combate ao estigma são considerados elementos-chave para garantir que os jovens busquem ajuda quando necessário.
Em caso de pensamentos e sentimentos de querer acabar com a própria vida, é fundamental buscar acolhimento em sua rede de apoio, como familiares, amigos e educadores, e também em serviços de saúde. O Centro de Valorização da Vida (CVV) oferece apoio emocional e prevenção do suicídio, atendendo voluntária e gratuitamente todas as pessoas que querem e precisam conversar, sob total sigilo.
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