José Mariano Beltrame alertava: facções não abandonariam territórios no Rio. Estudo Geni/UFF (2018-2020) aponta expansão do Comando Vermelho e Terceiro Comando Puro. 4 milhões de moradores do Rio sob controle criminoso em 2020
Não se pode negar o persistente fluxo de atividades criminosas na Cidade de Deus. A declaração do secretário de Segurança Pública, José Mariano Beltrame, durante a gestão do ex-governador Sérgio Cabral, sinalizava que as organizações criminosas não abandonariam os territórios que controlavam há décadas no Rio de Janeiro.
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A pesquisa conjunta do Grupo de Estudos dos Novos Ilegalismos da Universidade Federal Fluminense (Geni/UFF) e do Instituto Fogo Cruzado, realizada entre 2018 e 2020, detalha essa expansão.
O estudo revela que o Comando Vermelho (CV) e o Terceiro Comando Puro ampliaram sua presença no estado durante o período de implementação das Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs). A pesquisa aponta que o “efeito balão”, motivado pela migração de traficantes em busca de evitar confrontos policiais, foi um fator crucial.
Essa movimentação levou o CV a se estabelecer em diversas regiões da região metropolitana do Rio, especialmente na Baixada e Leste Fluminense.
O sociólogo Daniel Hirata, coordenador do Geni/UFF, destaca que, embora a expansão das facções tenha sido um efeito não intencional da política de segurança, as UPPs influenciaram diretamente na expansão dos grupos criminosos. A falta de um planejamento metropolitano das UPPs, que resultou em 39 das 40 unidades existentes estarem localizadas em áreas controladas pelo CV, contribuiu para o deslocamento de lideranças e membros da organização para outros locais.
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Em 2020, aproximadamente 4 milhões de moradores – 34,9% da população do estado – estavam sob o controle de facções e milícias. Esse número representou um aumento em relação aos 2,5 milhões de pessoas em 2007 que viviam nessas condições.
A expansão do crime organizado foi impulsionada por um contexto que combinou oportunidades no mercado imobiliário, a expansão de infraestrutura urbana, favorecida por megaeventos, e a desfuncionalidade do Estado, incluindo o desmantelamento das UPPs e o sistema de metas, além da intervenção federal na segurança pública.
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