José Antonio Kast: Candidato à Presidência do Chile

José Antonio Kast, um advogado e político chileno de ultradireita, é o principal favorito para vencer as eleições presidenciais do Chile, que ocorrerão neste domingo. Ele disputa o segundo turno contra Jeanette Jara, candidata do Partido Comunista.

Kast tem atraído o apoio de eleitores contrários ao atual presidente, Gabriel Boric, que enfrenta baixa aprovação. A candidatura de Kast, que chegou a superar Jara nas pesquisas, reflete um renovado interesse e tração política de pautas conservadoras na América Latina, como o combate mais rigoroso ao crime e restrições à imigração.

O candidato, que é casado e pai de nove filhos, defendeu a ditadura de Augusto Pinochet (1973-1990) e se opõe a posições como o aborto, mesmo em casos de estupro, à pílula do dia seguinte, ao divórcio e ao casamento homoafetivo. Kast é descrito como um democrata, com um temperamento calmo, em contraste com outros líderes de direita.

Amanda Marton, autora do livro “Kast, la ultraderecha a la chilena”, o descreve como “sóbrio, pragmático, pausado e calmo”.

Diante da crescente preocupação dos chilenos com o aumento da insegurança e da migração, Kast propõe uma luta implacável contra o crime, incluindo a deportação de 330.000 migrantes irregulares que vivem no país, culpando-os pelo aumento da criminalidade.

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Durante o debate final com Jara na terça-feira, 9, Kast alertou que os imigrantes ilegais teriam 92 dias – o tempo até sua possível posse como presidente – e pediu ao presidente Boric para abrir “corredores humanitários” que permitam essa evacuação.

O candidato possui um revólver e pretende aumentar o poder de fogo da polícia. Em declarações, Kast afirmou que, após 92 dias, qualquer pessoa que solicite serviços públicos seria registrada e convidada a sair. Ele reconheceu possuir o revólver e expressou o desejo de aumentar o poder de fogo da polícia.

Kast também propõe uma contagem regressiva para a expulsão dos estrangeiros sem documentos, caso assuma o cargo em 11 de março de 2026, afirmando que “iremos buscá-los” para expulsá-los.

Sua família tem raízes em uma tradição de negócios, com seu pai, nascido na Alemanha, tendo sido membro do partido nazista de Adolf Hitler durante a Segunda Guerra Mundial. Kast negou que seu pai fosse partidário do movimento nazista, afirmando que foi recrutado à força pelo Exército alemão.

Kast foi deputado por 16 anos. Em 2016, deixou a União Democrata Independente (UDI), no qual militou por décadas, por considerar que o partido havia abandonado os princípios conservadores que o inspiravam. Em 2019, fundou o Partido Republicano, que lidera com uma mistura de “simpatia pessoal” e um “controle rígido”, explica Javiera González, coautora do livro “Kast, el mesías de la derecha chilena”.

Em 2021, Kast perdeu a corrida eleitoral para Gabriel Boric. Na época, em meio à pandemia e a protestos por uma revisão constitucional e igualdade social, suas pautas não ressoaram tão bem. No entanto, com o aumento do crime organizado no Chile, suas propostas passaram a ter mais impacto na base eleitoral.

Um recente levantamento conduzido em 144 países, o Chile está em sexto lugar no ranking dos países cujos cidadãos têm mais medo de andar na rua à noite, segundo apuração da revista The Economist. A imigração irregular e o aumento do crime continuam sendo a principal preocupação da população, conforme uma pesquisa Ipsos de outubro.

Junto com a imigração irregular, o tema domina a campanha eleitoral. Ao fechar sua campanha do segundo turno, Kast prometeu, na quinta-feira, 11, “um choque de esperança” após anos de “caos, desordem e insegurança”. Kast escolheu a cidade de Temuco, no sul do país, para o último encontro com seus eleitores.

A cidade é a capital da região de Araucanía, e fica cerca de 800 km ao sul de Santiago.