Israel afirma que não há fome em Gaza e que permitirá os palestinos migrarem para fora da Faixa de Gaza
A pressão internacional aumenta para evitar novas mortes de palestinos devido à fome causada por Israel.

Apesar de declarações de órgãos como a Organização das Nações Unidas (ONU) e a Organização Mundial da Saúde, agência do Ministério da Defesa de Israel afirmou, na terça-feira (12), que “não há sinais de um fenômeno de desnutrição generalizada” na Faixa de Gaza. No mesmo dia, o primeiro-ministro do país, Benjamin Netanyahu, disse que permitiria que os palestinos saiam de suas terras e emigrem para outros países.
O Ministério da Saúde da Palestina informa que até o momento 227 pessoas faleceram por inanição no território, das quais 103 eram crianças. A OMS afirma que 148 pessoas morreram por desnutrição desde janeiro de 2025 e o Programa Mundial de Alimentos apontou em agosto que a fome e a desnutrição em Gaza atingiram seu nível máximo desde o início da guerra.
Jornalistas em Gaza registram diariamente cenas caóticas e letais nos locais de distribuição de assistência, onde milhares de palestinos desesperados se concentram para obter alguma comida. Também é frequente que tropas israelenses atirarem contra a população faminta, resultando em dezenas de mortos.
Jean-Guy Vateaux, diretor de missão da organização Médicos Sem Fronteiras (MSF) que recentemente esteve em Gaza, afirmou que “a desnutrição é real, está aumentando rapidamente e está afetando toda a população”. Já o Cogat, órgão militar israelense que administra assuntos civis nos territórios palestinos, declarou que a maioria das mortes por fome contabilizadas por essas entidades internacionais se refere a pessoas “que sofriam de condições médicas preexistentes que provocaram a deterioração de seu estado de saúde, sem relação com seu estado nutricional”.
O Hamas declarou que a alegação do Cogat representaria uma “tentativa desesperada e infrutífera de disfarçar um crime documentado em âmbito internacional: a fome extrema sistemática da população de Gaza”. Além disso, na terça-feira, a União Europeia, o Reino Unido, Austrália e Japão solicitaram medidas urgentes para combater a fome na Faixa de Gaza.
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O sofrimento humanitário em Gaza atingiu patamares inauditos. A fome se manifesta diante de nossos olhos, segundo comunicado conjunto da União Europeia e dos ministros das Relações Exteriores de 24 países, entre eles Canadá, Austrália e Suíça.
Os ataques israelenses destruíram a agricultura em Gaza. Israel também proibiu a pesca pelos palestinos, de modo que a população consome praticamente todas as calorias provenientes de fora da região. Israel restringe quase totalmente a entrada de alimentos no território, com apenas uma pequena quantidade de ajuda a entrar.
Dois coletivos de direitos humanos com sede em Israel afirmaram nesta semana que o país está cometendo genocídio em Gaza, com relatos apontando para evidências, incluindo a utilização da fome como arma. A “B’tselem” descreveu uma “política oficial e deliberada” de fome generalizada.
Benjamin Netanyahu afirmou que Israel possibilitará a saída dos palestinos da Faixa de Gaza, ao mesmo tempo em que o exército se prepara para uma nova onda de violência no território palestino.
“Nós autorizaremos, durante e após os combates”, afirmou Netanyahu, acrescentando: “Não estamos os expulsando, mas permitindo que partam, e é isso que está acontecendo”, disse Netanyahu. “Estamos conversando com vários possíveis países anfitriões, não posso detalhar isso aqui”. Mas “o mais natural, para todos que falam, aqueles que dizem se preocupar com os palestinos e querem ajudá-los, é abrir suas portas”.
Sob a direção do gabinete militar de Netanyahu, o Exército de Israel se prepara para iniciar uma nova fase de genocídio em Gaza, com o objetivo de libertar todos os prisioneiros israelenses e “derrotar” o Hamas, conforme seus objetivos declarados. O exército pretende tomar o controle da Cidade de Gaza, uma das áreas mais densamente povoadas do território palestino, e dos campos de refugiados próximos.
O anúncio desse plano foi amplamente criticado pela comunidade internacional, com a ONU alertando sobre uma “nova calamidade” e suas sérias consequências regionais. Até o momento, o exército israelense não divulgou nenhum calendário.
Fonte por: Brasil de Fato