Financiamento de Litígio: Uma Nova Opção para Investimentos
Imagine transformar processos judiciais em ativos financeiros, com a possibilidade de retornos de 20% a 40% ao ano. Essa é a promessa do litigation finance, uma modalidade de investimento que está ganhando espaço no Brasil e em mercados desenvolvidos, movendo bilhões de dólares. Essa alternativa surge como uma opção interessante para investidores que buscam diversificação e retornos descorrelacionados com os mercados tradicionais, especialmente em um país com mais de 80 milhões de processos em tramitação.
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O que é Litigation Finance?
Financiamento de litígio é quando um investidor paga os custos de um processo judicial em troca de uma parte do valor que será recebido, caso a ação seja ganha. Diferente de um empréstimo comum, no litigation finance, quem está processando só paga se o caso for vencido. Essa característica torna a modalidade atraente para empresas que têm um bom caso, mas não possuem recursos financeiros para arcar com os custos de advogados e processos judiciais.
Como Funciona o Litigation Finance?
O processo começa com uma empresa ou pessoa com um processo judicial buscando um investidor especializado. O investidor analisa a chance de vitória, o valor que pode ser recuperado e a capacidade de pagamento da parte perdedora. Após a aprovação, as partes assinam um contrato definindo o valor investido e a porcentagem do valor final que ficará com o investidor (geralmente entre 20% e 50%). O dinheiro é liberado aos poucos, conforme as necessidades do processo. É importante ressaltar que o investidor não pode interferir nas decisões estratégicas, que continuam sendo do advogado e seu cliente, apenas acompanhando o andamento através de relatórios periódicos.
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Tipos de Litigation Finance
Existem diferentes formas de financiamento, adaptadas a diferentes necessidades: financiamento direto (o investidor paga os custos diretamente), financiamento indireto (o dinheiro vai para escritórios de advocacia), financiamento de portfólio (cobre vários processos simultaneamente) e monetização de litígios (adianta dinheiro com processos já ganhos, mas ainda não pagos). Empresas em dificuldades financeiras preferem a monetização, enquanto escritórios menores buscam financiamento indireto.
Quem Pode Solicitar o Financiamento?
Qualquer pessoa ou empresa com ações judiciais de valor alto pode buscar esse tipo de financiamento. Investidores geralmente se interessam por casos acima de R$ 5 milhões, devido aos custos de análise e acompanhamento. Escritórios de advocacia, especialmente com contratos de sucesso, e empresas com valores a receber do governo também são candidatos naturais.
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O que Diz a Lei Sobre Litigation Finance?
O Brasil ainda não possui uma lei específica sobre financiamento de litígios, funcionando com base nos princípios gerais do direito civil. Isso cria insegurança para investidores e clientes. Alguns tribunais, principalmente em São Paulo, já reconheceram a validade dos contratos. A OAB e o CNJ estudam criar regras mais claras, principalmente sobre questões éticas. Projetos de lei no Congresso buscam regulamentação, seguindo modelos de países com experiência.
É Seguro Investir em Litigation Finance?
Como todo investimento alternativo, o litigation finance tem riscos e oportunidades. A principal vantagem é a independência dos resultados em relação à bolsa e juros. Os riscos incluem a demora dos processos, mudanças nas decisões judiciais e a possibilidade de a parte perdedora não pagar. Fundos especializados reduzem esses riscos investindo em vários casos. Devido à complexidade, especialistas recomendam destinar no máximo 10% do patrimônio para esse tipo de investimento, como complemento e não como investimento principal.
Avanços e Entraves na Regulação
O mercado brasileiro avança com a criação de uma associação do setor e a criação de um manual de boas práticas. As câmaras de arbitragem já criaram regras sobre a necessidade de informar quando há financiamento externo. No entanto, os principais obstáculos são a resistência do judiciário, o medo de criar uma “indústria de processos” e a falta de decisões consolidadas dos tribunais superiores. Sem regras claras, grandes fundos institucionais evitam entrar nesse mercado.
Quais Despesas Podem Ser Cobertas pelo Litigation Finance?
O financiamento pode pagar honorários de advogados, custas do processo, perícias técnicas, tradução de documentos, viagens para audiências e pagamento de testemunhas especializadas. Em arbitragens internacionais, cobre também as taxas das câmaras e pagamento dos árbitros.
Como Funciona o Acordo Entre Investidor e Cliente?
É o contrato que define todos os detalhes do financiamento, incluindo o valor investido, o momento da liberação do dinheiro, a porcentagem do resultado que ficará com cada um e as situações em que o acordo pode ser cancelado. O contrato deve incluir cláusulas de sigilo e obrigações de informar o andamento do processo. O cliente mantém o controle sobre as decisões, mas precisa consultar o financiador antes de aceitar acordos ou desistir.
O Que Acontece Se o Cliente Perder o Caso?
Se o processo for perdido, o investidor perde todo o dinheiro investido. O cliente não precisa devolver nada nem mesmo pagar custas adicionais. Esse é o princípio básico do litigation finance, onde todo o risco financeiro fica com o investidor.
Vantagens e Desvantagens do Litigation Finance
As principais vantagens são o acesso à justiça para quem não tem recursos, a possibilidade de enfrentar adversários mais ricos em igualdade de condições e a preservação do caixa da empresa. Para investidores, oferece retornos altos e diversificação de carteira. Entre as desvantagens, está a necessidade de dividir uma parte grande do valor recuperado (reduzindo o ganho de quem processa), a perda parcial de privacidade sobre o caso e a possível pressão para aceitar acordos rápidos. Investidores enfrentam o problema da demora para receber e a dificuldade de avaliar riscos jurídicos.
Como Funcionam os Retornos do Litigation Finance
Os investidores ganham dinheiro recebendo um percentual do valor recuperado no processo ou um múltiplo do que investiram. Os retornos normalmente ficam entre 20% e 40% ao ano, embora casos excepcionais possam render muito mais. O tempo é fundamental para o retorno, pois processos mais rápidos geram lucros mais cedo, enquanto ações que se arrastam por anos diluem a rentabilidade. Fundos profissionais diversificam seus investimentos em vários casos ao mesmo tempo, misturando processos com diferentes durações, valores e probabilidades de sucesso.
