Incêndios Florestais: Um Desafio Complexo na Amazônia
Os registros de fogo controlado por hominídeos revelaram um papel fundamental do fogo na sobrevivência e evolução dos seres humanos, incluindo o desenvolvimento da espiritualidade, cultura e vida em sociedade. No entanto, o cenário atual, marcado pelo aquecimento global, transforma o uso do fogo, mesmo em pequena escala, em um risco devastador.
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Condições climáticas extremas – temperaturas acima de 30°C, umidade abaixo de 30% e ventos superiores a 30 km/h – combinadas com ondas de calor frequentes e secas prolongadas, criam um ambiente propício para que um simples foco de calor, como uma queima de lixo ou uma fogueira, se transforme em um incêndio incontrolável.
Essa situação é agravada pelo aumento da evapotranspiração na Amazônia, que supera a reposição hídrica, impactada pelas secas consecutivas de 2023 e 2024, resultando na perda de mais água do que a floresta consegue repor.
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Impactos Globais e a Crise Climática
Dados do World Resources Institute mostram que os incêndios responderam por quase 50% da área de floresta perdida em todo o planeta no último ano. Esse fenômeno não é exclusivo do Brasil, com eventos como o incêndio mais devastador da história da Califórnia em janeiro deste ano e a queima de dezenas de milhares de hectares na União Europeia em meio aos picos de temperatura.
Na Amazônia, a participação do fogo na destruição da cobertura florestal triplicou em relação à média histórica. A crescente crise climática, impulsionada pelas mudanças no clima, intensifica essa situação, tornando o controle do fogo um desafio ainda maior.
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A Importância da Participação Comunitária e da Resiliência
A Política Nacional de Manejo Integrado do Fogo, que completou um ano em julho de 2025, representa um esforço institucional sem precedentes para estruturar ações de prevenção e monitoramento, envolvendo planejamento territorial, educação, participação de comunidades e atuação coordenada entre diferentes atores.
Essa política reconhece que o manejo integrado do fogo não se resume ao uso controlado, mas sim a uma estratégia focada na resiliência do território ao fogo. A participação ativa das comunidades, incluindo proprietários rurais, quilombolas, comunidades tradicionais e a sociedade civil, é crucial para evitar o uso do fogo durante o período proibitivo e para que as brigadas voluntárias, presentes em várias regiões do país, possam demonstrar na prática a eficácia dessa abordagem.
Investimentos e Adaptação
Recursos financeiros, como o Fundo Amazônia (com mais de R$ 550 milhões investidos nos estados da Amazônia, Cerrado e Pantanal) e o Fundo Nacional de Meio Ambiente (em parceria com o Fundo Nacional de Direitos Difusos), são indispensáveis. No entanto, a mobilização social em todas as esferas é igualmente importante.
O Brasil não está condenado a queimar suas florestas, mas depende da colaboração de governos, setor privado, comunidades locais e sociedade civil para transformar o país em um território resiliente ao fogo. A adaptação rápida e a capacitação de milhares de profissionais e líderes, bem como a convivência com o fogo como parte da nova realidade climática, são elementos-chave nesse processo.
