Ararinhas-Azuis e Circovírus: Investigação Revela Falhas em Protocolos de Biossegurança
O Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) confirmou que 11 ararinhas-azuis (Cyanopsitta spixii), soltas na natureza em Curaçá (BA), testaram positivo para circovírus, um vírus letal para aves. A confirmação ocorreu após investigações que apontaram para a não observância dos protocolos de biossegurança pelo criadouro gerido pela BlueSky, que atualmente abriga 103 ararinhas.
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O ICMBio irá aplicar uma multa de R$ 1,8 milhão à BlueSky, devido às falhas identificadas.
As vistorias realizadas em parceria com a INEMA e a Polícia Federal revelaram condições precárias no criadouro. Comedores, onde as aves recebiam alimentação, estavam extremamente sujos, com acúmulo de fezes ressecadas. Além disso, a limpeza e desinfecção diárias das instalações e utensílios não eram realizadas de maneira adequada.
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Funcionários também foram flagrados utilizando chinelos, bermuda e camiseta durante o manejo dos animais.
“Se as medidas de biossegurança tivessem sido atendidas com o rigor necessário e implementadas da forma correta, talvez não tenhamos saído de apenas um animal positivo para 11 indivíduos positivos para circovírus”, relata Cláudia Sacramento, coordenadora da Coordenação de Emergências Climáticas e Epizootias do ICMBio.
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Ararinhas-Azuis: Um Projeto de Reintrodução Complexo
O criadouro é parceiro da Associação para a Conservação de Papagaios Ameaçados (ACTP), que detém 75% das ararinhas registradas no mundo. As aves foram repatriadas da Europa e mantidas em criadouros até a reintrodução na natureza, após serem recapturadas em novembro de 2022.
O primeiro caso de circovírus foi detectado em maio deste ano, desencadeando um sistema de comando de incidente pelo ICMBio para evitar a disseminação do vírus.
A espécie, extinta em 2000 com o desaparecimento do último animal selvagem, foi alvo de um projeto de manejo para reprodução e reintrodução, iniciado na década de 90. O ICMBio criou, em 2012, um Plano de Ação Nacional (PAN) para aumentar a população cativa e promover a reintrodução da ararinha-azul.
Em 2016, o criadouro alemão ACTP e o ICMBio lançaram o Projeto de Reintrodução da Ararinha-azul, que permitiu a repatriação de 52 animais quatro anos depois.
Atualmente, a população mundial de ararinhas é de quase 200 indivíduos, dos quais três nasceram no viveiro de Curaçá. O circovírus dos psitacídeos é o principal causador da doença do bico e das penas em psitacídeos, um grupo de aves que inclui araras, papagaios e periquitos. A enfermidade não tem cura e mata a ave na maior parte dos casos.
