IBP alerta: “jabuti” na MP causa controvérsia nos royalties do petróleo e gás. Proposta na PLV ameaça rentabilidade de campos como Albacora e Marlim.
Um ponto de discórdia tem surgido no cenário energético brasileiro, impulsionado por uma inclusão inesperada na Medida Provisória (MP) que trata da redução de impactos tarifários para consumidores de energia elétrica. A controvérsia reside na menção ao termo “jabuti”, que se refere a uma alteração proposta nas regras de cálculo dos royalties pagos pelo setor de petróleo e gás, conforme detalha o Instituto Brasileiro de Petróleo, Gás e Biocombustíveis (IBP).
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A proposta, atualmente presente no Projeto de Lei de Conversão (PLV), busca modificar a forma de cálculo dos royalties, substituindo o Preço de Referência do Petróleo (PRP), que é mensurado pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP).
A nova fórmula implementada pela ANP considera a média das cotações de agências especializadas em preços de commodities ou pelo Preço de Transferência, instrumento utilizado para fins de Imposto sobre a Renda das Pessoas Jurídicas (IRPJ). Essa mudança, segundo o IBP, representa um retrocesso que pode afetar a rentabilidade de projetos em campos maduros e marginais, que operam no limite de sua capacidade de produção.
A incerteza gerada por essa proposta pode afastar investidores, comprometendo a produção de campos estratégicos como Albacora, Marlim e Roncador.
O IBP alerta que a proposta é tecnicamente incorreta e cria uma falsa expectativa para os cofres públicos. A entidade destaca que o Brasil produz mais de 78 correntes diferentes de petróleo, mas as cotações de agências especializadas só existem para 3 delas, tornando a regra inaplicável para a vasta maioria das correntes.
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Além disso, a adoção do Preço de Transferência, que é calculado anualmente para fins de IRPJ, é incompatível com a apuração mensal dos royalties.
A mudança proposta, segundo o IBP, beneficiaria alguns refinadores, criando uma reserva de mercado para o refino privado do país, que seria subsidiada pelo setor produtor. A capacidade de refino do país já está em expansão, com projetos em andamento que deverão aumentar o processamento em 292 mil barris por dia.
O setor de óleo e gás responde por 17% do Produto Interno Bruto (PIB) industrial do país e projeta um investimento de US$ 165 bilhões entre 2024 e 2033 somente no segmento de exploração e produção.
O IBP defende que o veto presidencial ao artigo 15 do PLV 10 de 2025 é o único caminho para preservar um sistema que funciona com transparência, garante a justa arrecadação e assegura a continuidade dos investimentos. O setor de óleo e gás contribui com R$ 325 bilhões aos cofres públicos em 2023 e projeta um investimento de US$ 600 bilhões entre 2022 e 2031, gerando 400 mil postos de trabalho.
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