Ibama toma decisão controversa que instiga debate sobre clima e expansão de fronteiras fósseis antes da COP30.
A decisão do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama) de autorizar a perfuração de um poço exploratório de petróleo na Foz do Rio Amazonas gerou forte reação de ambientalistas e especialistas em gestão ambiental. A medida levanta preocupações sobre os riscos ambientais e a complexidade da região.
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O presidente do Instituto Brasileiro de Proteção Ambiental (Proam), Carlos Bocuhy, expressou sua preocupação com a decisão, argumentando que o país está “ingressando numa aventura tecnológica ultrapassada, de altíssimo risco ambiental e de impagável custo humanitário”. Ele ressalta que a Margem Equatorial apresenta alta vulnerabilidade ecológica e complexidade oceanográfica.
O parecer técnico do próprio Ibama reconhece os desafios inerentes à região. Estudos indicam que a Foz do Amazonas possui uma “vocação locacional intransponível de impacto ambiental”, situação em que não existe alternativa viável com menor dano e o impacto permanece inevitável.
Segundo Bocuhy, o licenciamento não deve ser utilizado como instrumento para viabilizar empreendimentos, mas sim para proteger o meio ambiente. A decisão de liberar a Foz do Amazonas contraria a ciência e ignora os compromissos internacionais assumidos pelo Brasil no Acordo de Paris.
Os impactos potenciais da perfuração vão além dos aspectos ecológicos. Um vazamento de grandes proporções poderia atingir manguezais, recifes de corais e comunidades tradicionais que dependem dos recursos marinhos da região. O dano ambiental seria incalculável e irreversível. A decisão também assume um significado político, à vista da COP30, que será sediada em Belém.
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A decisão enfraquece o discurso do Brasil como líder climático global. Para limitar o aquecimento global a 1,5°C, 80% das reservas conhecidas de petróleo precisam permanecer intocadas. Investir em novas áreas de exploração vai na contramão desse compromisso e amplia o risco ambiental e reputacional do país. O Ibama, como órgão técnico, tem a missão de proteger o interesse coletivo — e a Amazônia é o maior deles.
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