IA revoluciona medicina: novos tratamentos e xenotransplante avançam. Pesquisas com IA criam remédios para fibrose pulmonar e preveem doenças. Xenotransplante de rim de porco mostra resultados promissores no Brasil
A medicina moderna está passando por uma transformação radical, impulsionada por avanços tecnológicos que parecem ter saído de obras de ficção científica. Desde a adaptação de órgãos de animais para transplantes em humanos até o uso da inteligência artificial (IA) em todas as etapas da pesquisa, essas inovações prometem salvar vidas e redefinir a prática médica. “A área da saúde e da pesquisa biomédica é uma das mais impactadas pela inteligência artificial e a cada semana há uma coisa nova.
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Estamos vendo avanços muito grandes e muito rápidos”, afirma o biólogo Helder Nakaya, pesquisador sênior do Einstein Hospital Israelita e professor da USP (Universidade de São Paulo).
Uma das investigações mais notáveis foi publicada em julho pela . Nela, um sistema de inteligência artificial “pensou” em qual era o melhor alvo terapêutico para combater a fibrose pulmonar idiopática e desenhou a molécula que poderia combatê-lo. “Foi um estudo marcante por dois aspectos.
O primeiro foi a escolha da IA de atacar aquela proteína, que ninguém tinha pensado. E, depois, foi uma outra IA que desenhou uma droga que pudesse inibir essa proteína”, detalha o professor. O ensaio com a terapia proposta pela IA envolveu 71 pessoas em 30 meses e teve bons resultados.
Outro destaque do ano é um modelo de inteligência artificial que pode ser usado para prever a progressão de doenças a partir de grandes conjuntos de registros de dados sobre elas. Apresentado em setembro na, o sistema é inspirado na mesma lógica dos modelos generativos usados em ferramentas como o ChatGPT, mas, em vez de palavras, ele opera com eventos de saúde.
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Cada diagnóstico, internação ou condição clínica funciona como um “token”, e o modelo aprende a sequência desses eventos ao longo da vida das pessoas. “A partir do histórico de um paciente, o sistema estima quais doenças têm maior probabilidade de surgir no futuro e em que horizonte de tempo”, explica Nakaya.
Isso permite simular trajetórias possíveis de saúde e funciona como uma ferramenta de apoio à decisão, ajudando médicos e pesquisadores a antecipar riscos, planejar acompanhamento e pensar estratégias de prevenção com base em dados populacionais, sempre dentro de contextos controlados e com limitações claras.
A ciência tem buscado alternativas para reduzir a fila de pessoas à espera de transplante de órgãos. A urgência parece ainda maior quando se trata da doação de rim: das 47.000 pessoas à espera de um doador compatível no Brasil, 44.000 aguardam por um rim, segundo o .
Para lidar com o problema, ensaios clínicos estão usando órgãos de porcos geneticamente modificados para reduzir os riscos de rejeição e permitir um alívio, mesmo que temporário, a pessoas com falência de órgãos. A técnica, conhecida como xenotransplante, já vem sendo aplicada para estudos com pulmão, fígado e coração, mas no caso dos rins, apesar da demanda, ela enfrentava resistências do organismo.
Um estudo publicado em fevereiro na revista porém, mostrou que é possível reduzir essa rejeição. A pesquisa, que contou com a participação de médicos brasileiros, foi considerada uma das principais descobertas do setor ao melhorar as técnicas de edição de DNA e facilitar a integração do rim xenotransplantado ao receptor. “Já vemos pesquisas nesse setor há vários anos, mas a grande mudança é que agora a gente tem ferramentas de edição genômica mais potentes e maior conhecimento da imunologia, da rejeição, para poder entender quais são os genes que os cientistas devem tirar ou colocar nos porcos para poder fazer esse processo dar certo”, explica o pesquisador do Einstein.
Esses avanços, impulsionados pela inteligência artificial e outras tecnologias inovadoras, representam uma nova era na medicina, com o potencial de transformar a forma como diagnosticamos, tratamos e prevenimos doenças. Apesar dos desafios e das incertezas, a pesquisa biomédica continua a avançar, abrindo caminho para um futuro mais saudável e promissor para a humanidade.
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