Donald Trump busca dominância global com IA, mas data centers elevam consumo de energia nos EUA. Michael Peters e Ian Harnett alertam sobre desafios energéticos
O governo dos Estados Unidos tem como um dos seus objetivos principais alcançar a dominância global em inteligência artificial (IA). A administração de Donald Trump via na vitória na corrida da IA a consolidação dos EUA como uma das principais e mais ricas economias do mundo, conforme reforçado no plano de ação da Casa Branca.
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A importância da IA para os Estados Unidos reside em parte no plano de governo americano para compensar o desaceleramento econômico, causado por tendências demográficas. Em 1960, o crescimento anual era de 2,5%, mas, 20 anos depois, esse índice caiu para 1,5%.
A pressão sobre o crescimento econômico não deve ceder, e sem tecnologias que ampliem a força de trabalho, os níveis podem cair ainda mais.
Segundo o professor associado de Yale, Michael Peters, o país precisa redescobrir seu dinamismo para manter a posição global. Ian Harnett, cofundador e estrategista-chefe de investimentos da Absolute Strategy Research, endossa o posicionamento de Peters para o Financial Times.
A análise da minha empresa sugere que a IA já elevou a produtividade do trabalho nos EUA entre 0,1 e 0,9 ponto percentual e pode, eventualmente, aumentar o crescimento da produtividade global em cerca de meio ponto percentual ao ano ao longo da próxima década.
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Apesar da importância da tecnologia, o país enfrenta um problema prático: o impacto do alto consumo dos data centers na matriz energética. Para a Agência Internacional de Energia (IEA), mais da metade da eletricidade que abastecerá os data centers dos EUA continuará sendo fornecida por combustíveis fósseis.
O consumo deve aumentar: Em 2024, a demanda dos data centers era de 460 terawatts-hora (TWh); Até 2030, deve superar os 1.000 TWh; Em 2035, o consumo deve ser de 1.300 TWh. O principal combustível usado deverá ser o gás natural.
Os cancelamentos que Trump promoveu contra iniciativas de contribuirão para retardar o avanço de outras matrizes mais eficientes, econômicas e menos poluentes.
Um dos grandes problemas da matriz baseada em hidrocarbonetos (combustíveis fósseis) é o custo. Desde 2020, o custo médio de energia elétrica nos Estados Unidos subiu 38% e esta taxa é frequentemente associada ao aumento da demanda dos data centers.
Outro ponto de atenção é o impacto físico na economia. Como energia, água e produção de alimentos são sistemas interligados, o impacto negativo das necessidades energéticas no consumo hídrico pode afetar a cadeia de produção alimentar americana.
É importante observar que dois terços dos construídos ou planejados nos Estados Unidos desde 2022 estão em áreas de estresse hídrico.
Uma cadeia de problemas envolvendo esses três pilares poderia desencadear riscos para a segurança alimentar de longo prazo no país.
Fontes renováveis de energia se contrapõem em alguns pontos aos combustíveis fósseis. Sendo um deles o valor. Com a queda nos custos de matrizes de energia renovável, a IA americana pode ser ultrapassada pela de outros países que realizaram a transição — ou que estão buscando por ela — como a China.
Na China, a matriz energética também depende de hidrocarbonetos, principalmente do carvão, para abastecer os data centers. O diferencial do país asiático é o foco em investimentos em tecnologias mais eficientes.
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