IA impulsiona demanda por energia, preocupa especialistas. Microsoft, Google, Meta e Amazon aumentam consumo, pressionando redes elétricas e metas climáticas
A rápida expansão da inteligência artificial (IA) tem impulsionado grandes empresas como Microsoft, Google, Meta e Amazon em uma intensa busca por energia. Essa demanda já está sobrecarregando redes elétricas em todo o mundo e contribuindo para o aumento das emissões de gases de efeito estufa.
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Desde o lançamento do ChatGPT em 2022, as emissões de Meta, Google, Amazon e Microsoft aumentaram em 64%, 51%, 33% e 23%, respectivamente, conforme dados da Bloomberg.
Os data centers, que já representam 1% do consumo total de energia do planeta, projetam-se para dobrar essa porcentagem até 2026. O treinamento e a operação de modelos de IA massivos exigem milhares de unidades de processamento gráfico (GPUs) funcionando continuamente em centros de dados que consomem energia e água em escala industrial.
Um único modelo de IA, equivalente a 250 voos entre Nova York e Londres, demanda uma quantidade significativa de energia.
Para evitar que a escassez de eletricidade limite o desenvolvimento da IA, gigantes como Microsoft, Meta, Google e Amazon estão adquirindo volumes sem precedentes de energia nuclear, gás natural com captura de carbono e usinas térmicas dedicadas exclusivamente aos seus data centers.
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Essa estratégia garante expansão imediata, mas pressiona e, em alguns casos, compromete as metas climáticas que essas empresas se propuseram a alcançar.
O cenário político também complica a situação. A administração Donald Trump desmantelou incentivos para energias renováveis, atrasou projetos de energia eólica e solar, e reverteu pilares da Inflation Reduction Act (IRA). A estimativa da BloombergNEF indica que essa reversão pode reduzir em 21% a expansão prevista de energia limpa até 2035, removendo 227 GW do futuro parque renovável americano.
Para Dora Kaufman, pesquisadora da PUC-SP, a IA pode agravar a crise climática se não houver ação governamental rápida. A tecnologia está desalinhada com a capacidade das autoridades de regular seu impacto energético. No entanto, quando aplicada de forma responsável, a IA pode gerar ganhos de economia de carbono maiores do que seus próprios impactos energéticos.
Sistemas de previsão climática, otimização de redes elétricas, redução de desperdícios e automação de cadeias de suprimentos já contribuem para a redução de emissões.
A solução reside em políticas públicas que ampliem a oferta de fontes renováveis, na regulação que imponha limites de eficiência energética a data centers e em modelos de IA projetados para consumir menos energia. Se essas medidas forem implementadas de forma coordenada – envolvendo governos, empresas e a sociedade – a inteligência artificial poderá se tornar uma aliada fundamental no combate às mudanças climáticas.
Caso contrário, o “cérebro” da revolução digital corre o risco de se tornar um dos maiores motores do aquecimento global.
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