Cientista vence Nobel em 1949 e lobotomia se torna prática controversa no tratamento de doenças mentais.
O Prêmio Nobel é amplamente reconhecido como a mais alta distinção para cientistas e pesquisadores em diversas áreas do conhecimento. No entanto, a história do prêmio não está isenta de questionamentos e controvérsias. Ao longo dos anos, alguns prêmios foram concedidos com base em pesquisas que posteriormente se mostraram incorretas, enquanto outros casos envolvem alegações de má conduta científica, que surgem tanto antes quanto após a premiação.
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Um caso emblemático é o de Johannes Fibiger, que recebeu o Nobel de Medicina em 1926 por afirmar que um verme redondo, Spiroptera carcinoma, causava câncer no estômago de ratos. Décadas depois, foi descoberto que os tumores eram provocados por deficiência de vitamina A, e não pela presença do verme. Outro exemplo notório é o de Enrico Fermi, que em 1938 recebeu o prêmio por estudos com nêutrons, que supostamente criariam novos elementos radioativos. Posteriormente, Otto Hahn e Lise Meitner demonstraram que Fermi havia promovido a fissão nuclear, dividindo átomos de urânio.
A descoberta da eficácia do DDT como inseticida por Paul Müller, em 1948, é outro caso que gerou debate. Embora o produto tenha ajudado a controlar doenças como a malária, seu impacto ambiental negativo só foi percebido décadas depois. Mais recentemente, casos de manipulação de dados e fabricação de resultados surgiram com Gregg Semenza, laureado em 2019, e Thomas Südhof, em 2013. Apesar das investigações, nenhum dos trabalhos retratados está ligado à pesquisa premiada.
Casos de fraude sem o prêmio também marcaram a história do prêmio. Jan Hendrik Schön, físico do Bell Labs, falsificou dados em pelo menos 16 artigos sobre supercondutividade e eletrônica molecular, chegando a ser considerado para o Nobel antes da descoberta da fraude em 2002. O caso do cientista sul-coreano Woo Suk Hwang, que alegou ter clonado células-tronco humanas entre 2004 e 2005, também gerou grande escândalo, com a comprovação de que os dados eram totalmente falsos. Nenhum embrião foi clonado.
Um dos casos mais controversos envolve a premiação de António Egas Moniz em 1949, que recebeu o Prêmio Nobel de Medicina pelo desenvolvimento da lobotomia pré-frontal. Na época, a técnica era vista como uma inovação revolucionária no tratamento de doenças mentais, especialmente para pacientes com esquizofrenia e transtornos obsessivo-compulsivos. No entanto, com o passar do tempo, os efeitos negativos da lobotomia se tornaram evidentes, com pacientes sofrendo danos cerebrais irreversíveis e alterações de personalidade. Apesar da percepção inicial de que a técnica poderia oferecer benefícios, a lobotomia é hoje amplamente condenada como uma prática desumana e arcaica.
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A história do Prêmio Nobel ilustra a complexidade da ciência e a importância da integridade na pesquisa. Embora o prêmio continue a ser um símbolo de reconhecimento e inspiração, os casos de controvérsia servem como um lembrete da necessidade de rigor científico, transparência e ética na condução da pesquisa.
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