Halloween e Dia do Saci são celebrados em 31 de outubro. Festa global ganha força no Brasil, unida ao folclore nacional com o Saci Pererê.
O dia 31 de outubro apresenta uma singularidade no calendário brasileiro. Por um lado, o Halloween, com suas festas temáticas, fantasias elaboradas e decorações sombrias, ganha cada vez mais espaço entre jovens, escolas e estabelecimentos comerciais.
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Por outro, o Dia do Saci, instituído por lei em 2003, propõe o resgate das lendas nacionais e a valorização da cultura popular brasileira.
A popularização dessa celebração no país tem uma explicação: o apelo visual, o clima lúdico e o impacto cultural do Halloween transformaram a festa em um evento esperado anualmente. No entanto, essa coincidência de datas com o personagem símbolo do folclore nacional, o Saci Pererê, é um ponto de interesse.
Um estudo publicado pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, intitulado “Halloween do Saci: proposta para o resgate do folclore brasileiro”, destaca que essa coincidência de datas gerou um debate cultural importante: como equilibrar o encantamento por uma tradição global com o orgulho das próprias histórias nacionais?
De acordo com o estudo, o Halloween surgiu há mais de três mil anos entre os povos celtas, no festival de Beltane, que marcava o fim do verão e a chegada do novo ano celta. Era o momento em que, segundo as crenças, o mundo dos vivos e dos mortos se encontrava.
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Com a expansão do cristianismo, a Igreja Católica transformou o festival pagão em uma data religiosa: o Dia de Todos os Santos, celebrado em 1º de novembro. A véspera passou a ser chamada All Hallows’ Eve, ou Halloween, como é conhecido hoje.
A festa atravessou o Atlântico com os imigrantes europeus e ganhou nova vida nos Estados Unidos, onde se consolidou como um fenômeno cultural e comercial. Fantasias, doces, lanternas de abóbora e o famoso “trick or treat” (doces ou travessuras) ajudaram a moldar a versão moderna da celebração.
No Brasil, o Halloween chegou de forma tímida, trazido pelas escolas de inglês como ferramenta pedagógica. Mas rapidamente ultrapassou as salas de aula: na virada dos anos 2000, a festa já estava presente em condomínios, shoppings e eventos particulares, impulsionada pela televisão e pelas redes sociais.
O estudo afirma que o Halloween conquistou o público brasileiro justamente por unir fantasia, humor e visual marcante, dialogando com o gosto nacional por celebrações coloridas e teatrais.
A presença crescente do Halloween no país também gerou uma resposta: o Dia do Saci, instituído pela Lei nº 2.762 de 2003, passou a ser comemorado na mesma data, 31 de outubro. O objetivo era valorizar as lendas nacionais e oferecer às crianças uma alternativa culturalmente brasileira à festa estrangeira.
O Saci Pererê foi escolhido como símbolo da data por representar a irreverência e a inteligência popular, um personagem de origem indígena e africana que sobreviveu no imaginário brasileiro graças à tradição oral e à literatura de Monteiro Lobato.
Embora muitas vezes vistos como opostos, o Halloween e o Dia do Saci compartilham a mesma essência: o fascínio pelo mistério, pelas criaturas fantásticas e pelas histórias que ultrapassam gerações. O estudo propõe a ideia de um “Halloween do Saci”, uma celebração que integra as duas tradições e transforma a disputa cultural em oportunidade de aprendizado.
Nessa versão, o Brasil poderia reinterpretar o Halloween à sua maneira, com fantasias inspiradas em personagens como Curupira, Iara e Cuca, brincadeiras educativas e narrativas que unem o sobrenatural à cultura popular brasileira.
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